O advogado franco-espanhol Juan Branco, filho de pai português e conhecido pela defesa de Julian Assange, fundador da WikiLeaks, é acusado de vários crimes de violência sexual, incluindo violação, por quatro mulheres, avança esta quinta-feira, 12 de Dezembro, o Libération.

Juan Branco, de 35 anos, foi já investigado três vezes pela justiça francesa, primeiro em 2021, depois em 2023, mas nem todas as vítimas tinham falado publicamente sobre os casos.

Os crimes de violação e agressão sexual de que é acusado referem-se a acontecimentos entre 2017 e 2019, segundo os relatos reunidos pelo Libération. Além de três mulheres que avançaram com processos em tribunal contra Branco, o jornal francês divulga ainda o testemunho de uma quarta vítima que opta, pelo menos para já, por não levar o caso à justiça.

O Libération lembra uma dupla violência que torna o caso singular. A 4 de Junho de 2023, enquanto decorria a investigação às denúncias feitas contra si, Juan Branco publicou na sua conta na rede social X uma longa série de tweets expondo e humilhando as três mulheres que o acusaram de violência sexual.

Divulgou os seus nomes e detalhes sobre as suas vidas, publicou fotografias e vídeos em que surgem totalmente nuas, partilhou excertos de relatórios judiciais e de conversas privadas, acrescentando comentários depreciativos. Essas publicações estão disponíveis até hoje, apesar de múltiplas denúncias por parte de utilizadores do X.

O PÚBLICO tentou contactar Juan Branco mas não obteve, até ao momento de publicação deste texto, qualquer resposta.

Juan Branco é filho do produtor de cinema português Paulo Branco e da psicanalista espanhola Dolores Lopez, tendo crescido em Paris e obtido nacionalidade francesa.

Além da advocacia, o seu percurso passa pela política e activismo. Em 2017 chegou a concorrer, no círculo de Seine-Saint-Denis, como deputado às eleições legislativas pela França Insubmissa (partido liderado por Jean-Luc Mélenchon, que Branco também já defendeu em tribunal). Esteve ainda envolvido no movimento dos “coletes amarelos” e representou perante a justiça francesa alguns dos seus membros pro bono.

Passou pelas escolas das elites francesas e pelas melhores universidades internacionais, foi colega de turma do ex-primeiro-ministro Gabriel Attal, vem do “mesmo mundo que Emmanuel Macron”, como escreveu o El País ​em 2020. E, vindo do mesmo mundo, escreveu um ensaio anti-Macron, de denúncia das oligarquias: o sucesso de vendas Crépuscule.