A Polícia Judiciária tem em marcha na manhã desta terça-feira uma grande operação de combate à corrupção que visa funcionários das alfândegas em alguns dos principais portos marítimos do país, apurou a CNN Portugal.
A investigação centra-se em portos como Lisboa, Setúbal e Sines, que estão sob suspeita de por ali deixarem entrar há vários anos largas toneladas de cocaína em carregamentos da América do Sul com destino à Europa. Estes funcionários estarão subornados e às ordens de poderosas associações criminosas internacionais, como o Primeiro Comando da Capital, do Brasil; ou cartéis colombianos.
Em causa estão funcionários da Autoridade Tributária com o poder de definirem quais os contentores a fiscalizar e quais devem deixar sair dos portos por via terrestre, em camiões, sem qualquer incómodo por parte das autoridades do Estado.
Há mais de uma dezena de funcionários alvo nesta operação – coordenada pelas unidades de combate à corrupção e ao tráfico de droga da Polícia Judiciária, em articulação com o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) -, que funcionarão em rede sob as ordens dos cartéis internacionais, mediante pagamentos de dinheiro que lhes permitem ostentar elevados sinais exteriores de riqueza.
Esta operação, com mais de 100 inspetores da Polícia Judiciária empenhados e cerca de 30 buscas a casas, empresas e locais de trabalho, nos portos onde prestam serviço, ocorre na sequência de uma investigação com mais de dois anos, em que os alvos são rotinados na sua teia de relações com as grandes redes de narcotráfico.
Estão em causa, além de corrupção, crimes como tráfico internacional de droga e branqueamento de capitais, pela forma como são investidos e ocultados os proveitos do esquema de subornos montado.
A Polícia Judiciária confirmou, entretanto, que tem em marcha uma megaoperação através da Unidade Nacional de Combate à Corrupção, com o apoio da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefaciente.
É a denominada operação “Porthos”, “que investiga a beneficiação de organizações criminosas dedicadas à exportação de elevadas quantidades de cocaína a partir da América Latina”.
“Estas organizações criminosas usam os portos marítimos nacionais como porta de entrada de produtos estupefacientes no continente europeu, dissimulados em diversos produtos acondicionados em contentores”, pode ler-se no comunicado.
Aquela autoridade confirma ainda que em investigação estão eventuais crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, tráfico de estupefacientes e branqueamento de capitais.
“A operação está a ser executada na área metropolitana de Lisboa, em Setúbal, Sines e em Leiria e visa a execução de 32 mandados de busca, dos quais 14 domiciliárias e 18 não domiciliárias, para recolha de elementos de prova complementares”, acrescenta a nota, dando conta de que estão em campo 150 inspetores e peritos de diversas unidades de apoio da Polícia Judiciária, e é acompanhada por quatro magistrados do Ministério Público.