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Depois de construir uma carreira sólida da área de tecnologia, o mineiro Enrico Dias, 52 anos, decidiu migrar para o ramo imobiliário. Com a exploração de minérios pela gigante britânica Anglo American na pequena cidade de Conceição do Mato Dentro, em Minas Gerais, ele viu uma oportunidade para alugar moradias a trabalhadores que estavam chegando para explorar as minas. Ao longo do tempo, porém, foi percebendo o quanto as pessoas eram descuidadas com os imóveis. Quando os devolviam depois do fim dos contratos, estavam bem maltratados. “Aquilo me chamou a atenção”, diz.

Na mesma época, dois conhecidos dos tempos da tecnologia tinham criado um aplicativo, o Vistoria Simples, para marcação de inspeções em imóveis, algo muito comum no Brasil. Dias teve, então, a ideia de se juntar aos rapazes para criar uma empresa com atuação bem mais ampla. Em vez de se concentrar no agendamento dos serviços, a firma passaria a oferecer as vistorias. Nove anos se passaram e os três sócios não têm do que reclamar: a Rede Vistorias é líder no segmento no Brasil, presente em mais de 800 municípios, com cerca de 150 franquias ativas, 25 mil inspeções por ano, 900 responsáveis pelas vistorias e faturamento, em 2024, de R$ 130 milhões, o equivalente a 21,6 milhões de euros.

Diante de tal envergadura, a empresa optou por explorar novos mercados. E desembarcou neste ano em Portugal, onde abriu uma unidade master em Lisboa e uma franquia para prestar os mesmos serviços que executa do outro lado do Atlântico. A meta para este ano é chegar a 10 unidades, sendo que duas franquias foram negociadas com um grupo inglês para atender a região do Algarve e outra, com brasileiros, para atuar no Porto. Se todas essas 10 operações estiverem ativas até dezembro, calcula o diretor de Expansão da Rede Vistorias, Edson Romano, as receitas passarão de 1,5 milhão de euros (R$ 9 milhões).




Enrico Dias, CEO da Rede Vistorias, e Edson Romano, diretor de Expansão: meta é ter 30 franquias em Portugal
Vicente Nunes

“Estamos bastante confiantes com o nosso negócio, pois a resposta inicial tem sido positiva”, ressalta Romano. No plano de negócios do grupo, a previsão é de 30 unidades da Rede Vistorias até o fim de 2027. Nesse mesmo período, complementa o hoje CEO Enrico Dias, a empresa expandirá seus negócios para Espanha, França, Itália e México. Para ganhar musculatura e garantir esse movimento, o grupo passou por três rodadas de aportes de capital de fundos de investimentos, que se tornaram sócios da operação. “Criamos um ecossistema com grande capacidade de distribuição, que vai além de vistorias. Também temos uma corretora de seguros de fiança (que substituem os fiadores no arrendamento de imóveis), de incêndio e de condomínios”, detalha Dias.

Custo do negócio

Cada franquia da Rede Vistorias custa 20 mil euros (R$ 120 mil). “Mas as despesas operacionais são baixas, pois não há necessidade de grandes investimentos. É possível operar o negócio de casa ou de um coworking, por exemplo, pois o serviço de inspeção é realizado em locais externos, como casas para aluguel ou venda, condomínios, lojas, obras financiadas pelo sistema bancário”, frisa Romano. “Nosso trabalho consiste em traçar diagnósticos da situação dos empreendimentos. Por exemplo, quando um imóvel vai ser alugado, mapeamos tudo para que, quando for devolvido, o proprietário possa exigir que seja entregue no mesmo estado em que estava na assinatura do contrato”, explica. Ele ressalta que, em Portugal, cada metro quadrado vistoriado sai por 1,50 euros (R$ 9).

Enrico Dias reconhece que esse serviço de vistoria não é muito comum em território luso, mas o negócio está deslanchando por causa dos estrangeiros que têm comprado imóveis e investido no país. “Estamos falando, sobretudo, de brasileiros e de norte-americanos com cultura da inspeção de imóveis. Sabemos que é melhor agir preventivamente com essas vistorias do que, depois, ter de remediar, o que custa muito mais caro”, assinala. A ideia, complementa ele, é de também oferecer seguros por meio das franquias. “O seguro de fiança, por exemplo, não existe em Portugal, e é um bom instrumento para quem quer alugar algo.”

Cada franqueado em Portugal vai atuar num raio que abranja entre 300 mil e 350 mil habitantes. “Vamos atender imobiliárias, incorporadores, advogados (que precisam de laudos para ações judiciais) e investidores estrangeiros”, afirma Edson Romano. “Estamos contando com a tecnologia para produzir relatórios que protejam os interesses dos nossos clientes. Temos capacidade para identificar vazamentos nos imóveis, se há alguma rachadura que coloca em risco a estrutura, se há umidade. Chegamos a produzir 60 páginas com informações”, acrescenta Dias.

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