Ethan e Jess fizeram mais de 40 minutos a pé, a subir, e carregados com malas de viagem. “Da estrela ao aeroporto fomos a pé, andámos duas horas… Usámos o Google Maps porque funciona offline, mas agora não sabemos. Vamos ter de marcar mais uma noite num hotel, vamos tentar comer e amanhã logo tentamos novamente”, diz o casal.
Pelo caminho até à rotunda do aeroporto, após quase 30 minutos de caminhada intensa, uma jovem na casa dos 20 anos não aguentou o calor. Sentada no chão, pedia a quem passava uma garrafa de água, mas ninguém parecia ter. No meio da quebra de tensão que aparentava sentir, um condutor de TVDE encostou, abriu o vidro e deu-lhe uma garrafa.
Na Rotunda do Relógio — para onde se dirigia — estava instalada a confusão que além do elevado número de veículos, se agravava pelo não funcionamento dos semáforos. As aplicações de mobilidade (como Uber e Bolt) deixaram de funcionar, mas os motoristas arranjaram uma alternativa: na bomba de gasolina que existe junto à rotunda que liga ao aeroporto, esperavam por turistas e faziam viagens fora da aplicação. “Vamos fazer dinheiro”, gritava um motorista.
Nessa mesma bomba de gasolina, entre os carros TVDE e aqueles que esperavam pela chegada de familiares e amigos ao aeroporto, estavam também viajantes que, com as malas ao lado, aguardavam e tentavam decidir o que iam fazer. “Não quero gastar o pouco dinheiro que tenho num táxi com um preço inflacionado”, comentava um turista também britânico.
Cerca das 20h50, a energia começou a voltar a Lisboa, onde foi recebida com gritos e apitos. Agora, resta avaliar todas as consequências das mais de nove horas de apagão, o maior dos últimos 25 anos.