Sob condição de anonimato, a fonte de Israel afirmou que o grupo não está interessado num acordo e rejeitou a afirmação de que a alegada proposta se assemelhe à de Witkoff.
O enviado especial garantiu ainda à agência Reuters que o que viu era “completamente inaceitável” e que a proposta em discussão não era a mesma que a sua.
De acordo com o responsável palestiniano próximo do grupo em conflito aberto com Israel, as tréguas incluem “a libertação de dez reféns israelitas vivos na posse do Hamas em dois grupos, em troca de 70 dias de cessar-fogo e uma retirada parcial da Faixa de Gaza”.A proposta terá sido entregue ao Hamas por mediadores. Além da entrega de reféns e dos 70 dias de tréguas e retirada isrealita, prevê a libertação de um certo número de prisioneiros palestinianos, incluindo centenas condenados a penas longas nas cadeias de Israel.
“O Hamas aceitou a nova proposta do enviado dos Estados Unidos, Steve Witkoff, que o movimento recebeu dos mediadores e que insiste num cessar-fogo permanente na Faixa de Gaza”, disse a fonte do grupo extremista à agência de notícias francesa AFP, acrescentando que o movimento informou os mediadores da sua decisão.
A proposta, disse, prevê “uma trégua de 70 dias em troca da libertação de dez reféns em duas fases. Durante a trégua, serão iniciadas as negociações para um cessar-fogo permanente com garantias americanas”.
Os mediadores apresentaram esta proposta nos últimos dias, acrescentou.
Das 251 pessoas raptadas a 7 de outubro de 2023 nos ataques do Hamas a Israel, 57 permanecem em Gaza, incluindo pelo menos 34 que morreram, segundo as autoridades israelitas.
Momentos antes do anúncio destas fontes, a agência espanhola EFE avançava que Israel tinha rejeitado a última proposta dos Estados Unidos de um cessar-fogo de dois meses em Gaza em troca de dez reféns vivos e do fim negociado da ofensiva, insistindo, no entanto, que continuava a apoiar o esquema proposto pelo enviado da Casa Branca para o Médio Oriente, Steve Witkoff.
Erradicar o Hamas
Após uma breve trégua declarada a 19 de janeiro deste ano, há mais de dois meses que as Forças de Defesa de Israel têm intensificado as operações militares em Gaza, obrigando a sucessivas deslocações da população civil, num território desvastado, onde todas as infraestruturas se tornaram precárias ou desapareceram.
A pressão israelita para uma rendição total do Hamas e para a entrega de todos os reféns, raptados em ataques a comunidades no sul de Israel a 7 de outubro de 2023 e sequestrados desde então em Gaza por grupos islamitas, tem-se feito igualmente através da retenção do auxílio humanitário, condicionando a entrada de ajuda a conta-gotas, o que agravou o risco elevado de fome catastrófica no enclave.
Os bombardeamentos intensos de Israel e a falta de auxílio têm levado a um coro de críticas dos seus próprios aliados e das instâncias internacionais, especialmente das organizações afetas às Nações Unidas.
O Hamas e as facções aliadas têm respondido com rockets e ataques, a maioria defletidos pelo Iron Dome, a cúpula de defesa de Israel. O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse que Israel só estaria disposto a concordar com um cessar-fogo temporário em troca da libertação de reféns, prometendo que a guerra só poderá terminar quando o Hamas for erradicado.
Israel lançou uma guerra aérea e terrestre em Gaza após o ataque transfronteiriço dos militantes do Hamas de 7 de outubro, que matou 1.200 pessoas, segundo estimativas israelitas, e 251 reféns foram sequestrados em Gaza.
O conflito matou quase 54 mil palestinianos, de acordo com as autoridades de saúde de Gaza, e devastou a faixa costeira. Os grupos de ajuda humanitária dizem que os sinais de desnutrição grave são generalizados.
com agências