Já há data para o julgamento do actor Carloto Cotta, acusado de nove crimes, incluindo violação e sequestro. As sessões estão agendadas para 2 e 9 de Outubro, no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa Oeste, em Sintra, avança o semanário Expresso e confirmou o PÚBLICO junto da advogada da vítima, Cristina Borges Pinho, que detalha que a mulher não deverá testemunhar, já que “prestou declarações para memória futura”.
Depois de Carloto Cotta ter prescindido da fase de instrução, negando a prática de qualquer crime, o processo judicial avança para julgamento ainda neste ano, estando agendadas duas sessões, como é habitual nestes casos, explica a advogada. As duas sessões estão marcadas para as 13h45.
No julgamento, o Ministério Público deverá apresentar testemunhas, incluindo pessoas a quem a vítima pediu ajuda, mas também a equipa que prestou os primeiros socorros e os médicos que a trataram no hospital. Estão também previstos testemunhos para corroborar a versão do actor de 41 anos, que responde por violação, importunação e coacção sexuais, sequestro, ameaça agravada, injúrias e ofensas à integridade física.
Ainda que seja “prematuro” dar uma resposta definitiva, Cristina Borges Pinho não prevê que a cliente venha a prestar quaisquer declarações. “Se o seu estado permanecer e continuar o tratamento psicológico e psiquiátrico, não deverá testemunhar. Não é necessário, a menos que alguma circunstância relevante assim o justifique”, aponta, lembrando que a sensibilidade do caso faz com que a vítima tenha sido autorizada a prestar apenas declarações para memória futura.
Carloto Cotta nega qualquer crime e a sua equipa de defesa argumenta que a relação foi consentida, tendo o actor trancado a porta da moradia apenas para impedir que os cães saíssem, detalha a contestação citada pelo Expresso. Mais: dizem que não existem lesões compatíveis com as agressões descritas.
O caso recua a Maio de 2023, quando a queixosa foi levada a visitar a vivenda onde o actor vive em Sintra com os seus cães, tendo sido conduzida até ao quarto, onde Cotta “mostrou um preservativo XL” e “exibiu os órgãos genitais”. A mulher disse que “estava com uma hemorragia e que pretendia ir embora”, mas acabaria por aceitar ficar mais um bocadinho. Mais tarde, testemunhou que voltou a insistir que se queria ir embora, mas a porta estava trancada e a chave na mão de Carloto Cotta, que se terá masturbado para cima da vítima, obrigando-a fazer sexo oral, agredindo-a e sequestrando-a até à manhã seguinte.
Depois de várias ameaças de morte, a queixosa só havia de escapar por uma janela do primeiro andar e pediu ajuda a dois homens que estavam na rua e que chamaram a GNR. No mesmo dia foi apresentada queixa e a mulher foi levada ao Hospital da Amadora, onde declarou ter sofrido violência sexual, apresentando “enquimose e arranhões no antebraço direito”, além de um hematoma na parte de trás da cabeça. A investigação foi prosseguida pela Polícia Judiciária e levada a tribunal pela procuradora Marleen Cooreman, do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Sintra.
Nascido em França, mas radicado em Portugal, Carloto Cotta é conhecido do público português pela participação em telenovelas, como Prisioneira (TVI, 2019) ou Laços de Sangue (SIC, 2010) e, no cinema, onde protagonizou Diamantino (2018) e Tabu (2012). Recentemente, fez carreira internacional na série espanhola Elite.