O ‘Madleen’, um barco operado pelo grupo ativista Freedom Flotilla Coalition (FFC), está a tentar chegar à costa do território para levar uma quantia simbólica de ajuda e, ao mesmo tempo promover a consciencialização internacional sobre a contínua crise humanitária.


A ordem foi dada pelo ministro Israel Katz, que alertou a ativista sueca e a restante tripulação do veleiro ‘Madleen’.

“Ordenei às FDI [Forças de Defesa de Israel] que atuem para impedir que o veleiro Madleen chegue a Gaza. À antissemita Greta e companheiros, digo claramente: regressem, pois não chegarão a Gaza”, disse Katz, em declarações divulgadas pelo gabinete da Defesa israelita.


Katz acrescentou que Israel não permitirá que ninguém rompa o bloqueio naval ao território palestiniano, que, segundo alega, visa impedir o Hamas de importar armas: “Israel agirá contra qualquer tentativa de romper o bloqueio ou de ajudar organizações terroristas – por mar, ar e terra”.


“Instruí as IDF (…) a tomarem todas as medidas necessárias para esse fim”, disse ainda o ministro da Defesa.

O veleiro chegou este domingo de manhã à costa egípcia e prosseguiu viagem com destino à Faixa de Gaza, indicaram os organizadores da campanha em comunicado.


A embarcação, com bandeira britânica e integrada na coligação Frota da Liberdade, partiu há precisamente uma semana da Sicília (Itália) com destino a Gaza, com o objetivo de “entregar ajuda humanitária, romper o bloqueio israelita e dar visibilidade ao sofrimento contínuo no enclave palestiniano”.

Greta Thunberg, que admitiu estar a participar nesta missão “porque o momento em que paramos de tentar é quando perdemos a nossa humanidade”, rejeitou acusações israelitas de antissemitismo.

A bordo do navio estão também o ator de Game of Thrones, Liam Cunningham, e outros dez ativistas da Alemanha, França, Brasil, Turquia, Suécia, Espanha e Holanda. Entre eles, está Rima Hassan, uma deputada francesa de ascendência palestiniana do Parlamento Europeu que foi impedida de entrar em Israel.

A declaração do ministro da Defesa de Israel, reagiram os ativistas, “é mais um exemplo de Israel a ameaçar o uso ilegal da força contra civis — e a tentar justificar essa violência com difamações”.

“Não seremos intimidados”, acrescentou o grupo. “O mundo está a ver”.


“Navegamos ao largo da costa egípcia. Está tudo bem”, afirmou a ativista alemã de direitos humanos Yasemin Akar, que explicou que o navio já partiu de Alexandria e que se esperava que chegasse ao enclave palestiniano ao entardecer de domingo.

“Estamos a pouca distância das águas territoriais de Gaza”, declarou Akar num comunicado, alertando que estão a ser seguidos por “’drones’ de vigilância que têm como objetivo intimidar” a tripulação.

Antes das ordens de Katz, a ativista alemã referiu a possibilidade de serem atacados pelas forças israelitas.

“Se Israel nos atacar, será mais um crime de guerra. Não embarcamos nesta missão se não acreditássemos que chegaríamos a Gaza”, sublinhou Akar.

O Comité Internacional para Romper o Cerco a Gaza, com sede em Londres, declarou que “a aproximação do ‘Madleen’ à costa de Gaza representa um desafio corajoso às políticas injustas que cercam os civis e uma mensagem de solidariedade dos povos do mundo livre para com o nosso povo em Gaza”.

O comité confirmou que a coligação Frota da Liberdade mantém contacto constante com organizações internacionais de direitos humanos e jurídicas para garantir a segurança dos ativistas a bordo, sublinhando que “qualquer ataque ou obstrução ao navio constitui uma violação flagrante do direito internacional humanitário”.

A eurodeputada Rima Hassan, que também se encontra a bordo do veleiro, apelou aos governos para que garantam uma passagem segura à Frota da Liberdade.

Hassan acrescentou ainda que mais de 200 eurodeputados assinaram uma carta aberta dirigida a Israel, exigindo que permita a chegada do navio a Gaza e autorize “imediatamente a entrada da sua carga humanitária”.


A Frota da Liberdade, formada em 2010, é um movimento internacional não violento de solidariedade com o povo palestiniano, com uma vertente humanitária, que se opõe ativamente ao bloqueio israelita à Faixa de Gaz.


C/agências