O veleiro com ajuda humanitária Madleen, que tentava chegar a Gaza e onde seguia a activista sueca Greta Thunberg, foi interceptado e abordado na noite de domingo, 8 de Junho, pelas autoridades israelitas, que disseram aos passageiros para “regressar aos seus países”.

Com 12 activistas franceses, alemães, brasileiros, turcos, suecos, espanhóis e holandeses a bordo, o veleiro, que transporta apenas ajuda humanitária, tinha partido de Itália a 1 de Junho para “quebrar o bloqueio israelita” em Gaza após mais de um ano e meio de guerra. O objectivo da tripulação era entregar uma quantia simbólica de ajuda ainda nesta segunda-feira e conscientizar a comunidade internacional sobre a crise humanitária que se vive no território.

No entanto, o barco foi interceptado durante a noite antes que pudesse chegar à costa. A Freedom Flotilla Coalition (FFC), que fretou o veleiro, anunciou a abordagem do mesmo pela armada israelita. “Perdeu-se a ligação com o Madleen. O exército israelita entrou a bordo do veleiro”, anunciou a coligação através da rede social Telegram, afirmando que a tripulação tinha sido ‘raptada pelas forças israelitas’.



A FFC denunciou ainda a existência de uma “clara violação do direito internacional”, insistindo que a abordagem teve lugar em águas internacionais. “Israel não tem autoridade legal para deter voluntários internacionais a bordo do Madleen”, afirmou o director da organização, Huwaida Arraf.

O ministério dos Negócios Estrangeiros confirmou, em comunicado, que o barco estava sob o domínio de Israel e que se estava a dirigir para um porto israelita. “O iate de selfies das celebridades está a caminho, em segurança, da costa de Israel. Os passageiros devem regressar aos seus países de origem”, escreveu, depois, o ministério no X, acrescentando que os passageiros estão “seguros e ilesos”. “Receberam sandes e água. Acabou o espectáculo”, lê-se na publicação.

O iate de bandeira britânica transportava um pequeno carregamento de ajuda humanitária, incluindo arroz e leite em pó para bebés. O ministério afirmou que os bens seriam levados para Gaza. “A pequena quantidade de ajuda que estava no iate e não foi consumida pelas celebridades será transferida para Gaza por canais humanitários reais”.

Depois de uma escala no Egipto, o Madleen, que transportava também a eurodeputada franco-palestiniana de esquerda Rima Hassan, estava a aproximar-se de Gaza neste domingo, apesar dos avisos de Israel, que tinha dado ordens ao seu exército para o impedir de se aproximar do território palestiniano.

“O Estado de Israel não permitirá que ninguém viole o bloqueio marítimo de Gaza, cujo principal objectivo é impedir a transferência de armas para o Hamas, uma organização terrorista assassina que mantém os nossos reféns e comete crimes de guerra”, anunciou no domingo o ministro israelita da Defesa, Israel Katz.

Turquia condena apreensão

A Turquia condenou a apreensão por Israel do navio, acção que diz ter sido uma “clara violação do direito internacional”. O Ministério dos Negócios Estrangeiros afirmou que a intervenção ameaça a segurança marítima e “demonstra mais uma vez que Israel está a agir como um estado terrorista”.