Durante décadas, desde o 25 de Abril, não era permitido socialmente, em Portugal, ser de direita.
De tal maneira foi sendo denegrida a perspectiva da política não socialista que, até o Partido Social Democrata foi apelidado de perigoso promotor do fascismo no nosso país.
Ao longo de todos estes anos assistimos a jornalistas, comentadores e fazedores de opinião a condicionarem todas as ideias de direita, classificando-as constantemente como xenófobas, autoritárias, destruidoras da hegemonia da sociedade e promotoras da principal desgraça, que a esquerda política verbaliza a todo o tempo, e que é a criação de riqueza.
Mas, ao contrário de todos estes iluminados e ao fim de todas estas décadas, o bom povo português, a princípio envergonhado e hoje cada vez mais convencido, foi-se libertando destas ideias profundamente ideológicas e deturpadoras da realidade, ganhando aos poucos a coragem de vencer esta nova censura que nos foram impondo em 50 anos.
É verdade que muita desta nova revolução a que estamos a assistir resulta de circunstâncias diversas, que se caracterizam por diferentes incómodos que as populações têm vindo a sofrer e que procuram evitar, votando em propostas alternativas que hoje se afirmam de direita, frustradas que estão das alternativas de esquerda que nada ajudaram a solucionar.
Por isso muitos afirmam que é mais um voto de protesto do que uma verdadeira mudança política.
Mas, na realidade, a mera perspectiva de se decidir votar num partido de direita tem o efeito extraordinário de matar o tabú que estava sempre presente, e quem hoje já votou num partido de direita ou mesmo de uma direita mais radical não volta nunca mais a considerar isso uma impossibilidade.
E isso é definitivamente um voltar à direita na política em Portugal.
Uma das maiores frustrações que sentiu a população portuguesa foi a de lhe terem afirmado durante todo este tempo, que a simples pretensão de que não há diferenças, de que não há raças, de que não há sexos, de que pode não haver ricos e pobres, iria resultar na solução dos problemas causados por todas a estas diferenças e, ao fim de todo este tempo chegarem à conclusão de que nada disso foi conseguido e que estas questões são hoje muito mais graves.
Não é afirmando que não há raças que iremos conseguir que se viva em harmonia entre essas mesmas raças, não é afirmando que não há homens e mulheres que vamos resolver as dores de todos aqueles que, sendo diferentes, têm que conseguir resolver as suas dificuldades e não é afirmando que pode não haver ricos e pobres que poderemos considerar que haverá uma maior igualdade de qualidade de vida entre os nossos concidadãos.
Pelo contrário, é confrontando todas estas circunstâncias que poderemos encontrar melhores soluções para todos.
É no reconhecimento das características de cada raça que poderemos encontrar a mais-valia da cooperação entre todos, e é reconhecendo cada pessoa que podemos respeitar a diferenças que cada um tem, de forma a poder compreender melhor as suas alegrias e as suas tristezas, as suas competências e as suas dificuldades.
É reconhecendo as dificuldades de quem precisa de alterar a sua circunstância natural que poderemos encontrar a melhor forma de ajudar a uma melhor integração de cada um no meio da sociedade.
E é reconhecendo que haverá sempre ricos e pobres que poderemos trabalhar junto daqueles que mais têm para os sensibilizar sobre a sua responsabilidade para com toda a sociedade e mesmo ajudá-los a compreender que é no equilíbrio dessa sociedade que está a maior segurança de crescimento futuro da sua própria qualidade de vida. Que a criação de riqueza só é útil se for acompanhado por uma distribuição dessa mesma riqueza.
Foi por tudo isto que Portugal hoje virou à direita e é esta direita que hoje ganhou a possibilidade de transformar profundamente este nosso país.
Tenho um amigo que diz, em jeito de graça, que a raça cigana matou Marx no Alentejo, pois eu digo que foi a mentira ideológica que o matou e que fez devolver a Portugal uma nova direita.
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