O cessar-fogo foi retomado, após um ataque aéreo israelita ter vitimado dezenas de pessoas na Faixa de Gaza. O anúncio foi feito pelas próprias Forças de Defesa de Israel, que acusaram o Hamas de ter morto dois soldados israelitas e responderam no domingo com um bombardeamento.

De acordo com o jornal Ynet, o fluxo de camiões de ajuda humanitária seria “retomado quando os bombardeamentos cessarem”, embora a passagem fronteiriça de Rafah permaneça encerrada até que o Hamas devolva os corpos dos 16 reféns que ainda detém.

A emissora Canal 12 adiantou que o Governo israelita seguiu uma recomendação do Exército para suspender temporariamente a entrada de ajuda humanitária após confrontos registados esta manhã em Rafah, no sul de Gaza, entre soldados israelitas e alegados polícias do Hamas — um episódio negado pelo movimento islamita.

Mas no domingo à noite, o Executivo de Benjamin Netanyahu anunciou ter restaurado a trégua, assegurando que “continuará a aplicar o acordo de cessar-fogo e responderá firmemente a qualquer violação do mesmo”.

Bombardeamento sob “revisão” norte-americana

O presidente dos Estados Unidos confirmou, esta segunda-feira, que o cessar-fogo que a Administração norte-americana intermediou ainda está em vigor e considerou que a liderança do Hamas pode não estar envolvida nas violações do acordo, apesar de continuar a ser “bastante turbulento” e de continuar “alguns tiroteios”. Ainda assim, Trump acredita que a culpa será dos “rebeldes” do movimento islâmico e não dos líderes.

“Achamos que talvez a liderança não esteja envolvida nisso”, disse Donald Trump aos jornalistas a bordo do Air Force One. “De qualquer forma, o assunto será tratado com firmeza, mas de forma adequada”.Trump acrescentou não saber se os ataques israelitas tinham justificação e estavam a ser alvo de “revisão”.

“Terei de falar com eles sobre isso. (…) Teremos que ver o que está a acontecer. Queremos ter certeza de que será muito pacífico com o Hamas”, adiantou.

A ajuda humanitária a Gaza terá sido retomada esta segunda-feira após pressão dos EUA, segundo uma fonte israelita citada pela Reuters, logo após Israel anunciar uma interrupção no fornecimento em resposta ao que chamou de uma violação “flagrante” da trégua pelo Hamas.

Está prevista a chegada de altos funcionários dos EUA – incluindo o vice-presidente JD Vance, o genro de Trump, Jared Kushner, e o enviado especial, Steve Witkoff – com o objetivo de obrigar Israel a cumprir o acordo assinado no Egito.


“A maior mensagem que tentamos transmitir ao Governo israelita é que, agora que a guerra acabou, se querem integrar Israel no Médio Oriente, têm de encontrar uma maneira de ajudar o povo palestiniano a prosperar e a melhorar”, afirmou Jared Kushner à CBS News.

Pelo menos 97 palestinianos mortos desde o cessar-fogo
Pelo menos 97 palestinianos foram mortos pelas forças israelitas e outros 230 ficaram feridos em Gaza desde que o cessar-fogo entrou em vigor a 10 de outubro.


“Afirmamos que a ocupação israelita cometeu uma série de violações graves e repetidas desde o anúncio do fim da guerra na Faixa de Gaza, totalizando 80 violações documentadas até domingo”, afirmou a assessoria de comunicação do Governo do Hamas, no domingo à noite.

Entre as violações referidas estão os disparos diretos contra civis, os bombardeamentos e ataques deliberados, e a detenção de vários civis, entre outras.

“Isto constitui uma violação flagrante e clara da decisão de cessar-fogo e das normas do direito internacional humanitário”, acrescentou o Governo do enclave palestiniano.



Só no domingo, pelo menos 35 palestinianos foram mortos em dezenas de bombardeamentos em diferentes zonas da Faixa de Gaza, de acordo com uma contagem feita por jornalistas de Gaza com recurso a dados das morgues de hospitais.

Israel acusa o Hamas de violar o cessar-fogo e pelas mortes de dois soldados israelitas em Gaza no domingo.


c/ agências