O assalto de 19 de Outubro ao Louvre, em Paris, do qual resultou o desaparecimento de oito jóias de inestimável valor histórico e artístico pertencentes às colecções reais francesas, colocou um gigantesco foco sobre a segurança deste que é o museu mais visitado do mundo, sobre as opções políticas que conduziram à actual fragilidade do sistema que protege a sua extraordinária colecção e sobre as unidades da polícia encarregadas da investigação: a brigada de repressão ao banditismo de Paris (BRB) e pelo Gabinete Central de Luta contra o Tráfico de Bens Culturais (OCBC, na sigla francesa).

Cerca de 100 pessoas, das forças da ordem não só, estão envolvidas no inquérito e a pressão interna e internacional para que produzam resultados dificilmente poderia ser maior.

O jornal francês Le Parisien garante este domingo que as autoridades francesas detiveram no sábado à noite dois homens por alegada ligação ao espectacular assalto, que deixou incrédulos os franceses e o resto do mundo e que tem sido arma de arremesso político contra a ministra da Cultura, Rachida Dati, candidata à câmara de Paris.

Os dois homens, apurou o Parisien, são originários de Seine-Saint-Denis e têm cerca de trinta anos. Foram colocados sob custódia policial por suspeita de “roubo com associação criminosa” e permanecem hoje em prisão preventiva. A polícia acredita que poderão ter feito parte do grupo de quatro criminosos que invadiram a Galeria de Apolo, uma das mais populares entre os visitantes do Louvre, no passado domingo entre as 9h30 e as 9h40 da manhã, pouco depois da abertura do museu.

Desde então, as jóias da coroa francesa roubadas foram avaliadas em 88 milhões de euros e as restantes colocadas em segurança nos cofres do Banco de França, não se sabendo ainda quando voltarão a estar expostas.

As informações sobre a detenção de suspeitos relacionados com o assalto começam agora a surgir nos jornais franceses e internacionais e há ainda discrepâncias.

De acordo com o diário norte-americano The New York Times, por exemplo, não é ainda claro quantos foram os detidos no sábado à noite.

O gabinete de Laure Beccuau, procuradora de Paris, emitiu, entretanto, um comunicado em que dá conta deste desenvolvimento na investigação, mas em que não menciona o número de suspeitos que ficaram sob custódia das autoridades. Questionada pelos jornalistas, a procuradora também não confirmou, nem desmentiu, que foram dois os detidos.

Segundo o diário Le Monde e a Agência France Presse (AFP), Beccuau informou, no entanto, que pelo menos um homem foi capturado pelas autoridades no aeroporto Roissy-Charles de Gaulle, 25 quilómetros a norte do centro da capital francesa, quando tentava deixar o país. Este jornal francês informa ainda que um dos suspeitos tem nacionalidade francesa e o segundo dupla nacionalidade, franco-argelina.

“É demasiado cedo para dar qualquer informação mais precisa”, pode ler-se na mesma nota da procuradoria de Paris, em que se promete dados adicionais sobre a operação de sábado à noite “no final desta fase de detenção preventiva”, conclui.

Naturalmente, para já também não é ainda claro se, com a detenção de sábado à noite, foi recuperada alguma das peças roubadas, que compõem um lote de oito que inclui tiaras, colares, brincos e uma pregadeira, peças cravejadas de diamantes e outras pedras preciosas.

Recorde-se que, para efectuar o assalto, os quatro ladrões usaram ferramentas eléctricas para cortar o vidro das vitrinas onde as jóias se encontravam expostas, acedendo à galeria através de um elevador de carga montado num camião estacionado junto a uma das alas do museu, o mesmo que usaram para deixar o edifício, fugindo em seguida com o saque em duas scooters.