O Benfica venceu o Atlético por 2-0, no Estádio do Restelo, em jogo da IV eliminatória da Taça de Portugal e essa terá sido a única boa notícia para os adeptos do clube da Luz. A equipa da Liga 3 foi mesmo melhor ao longo de toda a primeira parte, criou as melhores oportunidades e obrigou José Mourinho a promover quatro substituições ao intervalo para poder entrar no jogo e lutar pela primeira vaga nos oitavos de final.

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Um jogo que José Mourinho achou propício para testar um sistema com três centrais e também para lançar o jovem Rodrigo Rêgo, com o Benfica a apresentar-se no Restelo num 3x4x3, com Dedic e o jovem extremo da equipa B a assumirem os corredores, Aursnes e Barrenechea no corredor central e um trio de ataque composto por João Rego, Pavlidis e Ivanovic. A ideia parecia boa no papel, não sabemos se foi testada no Seixal, uma vez que Mourinho não teve muito tempo, mas a verdade é que não resultou.

Do outro lado vimos um Atlético, como o treinador tinha anunciado, «competitivo», mais do que isso, com uma tremenda vontade de ganhar, suplantando o Benfica claramente nesse parâmetro. A equipa de Alcântara entrou no jogo de dentes cerrados, a pressionar o Benfica a toda a largura do terreno, a lutar por todas as bolas e, diga-se, a ganhar muitas delas.

O Benfica tinha um problema grave que foi percetível desde os primeiros instantes. Havia uma tremenda dificuldade para os centrais estabelecerem ligação com Barrenechea e o futebol dos encarnados não fluía, ao ponto de Fredrik Aursnes, visivelmente irritado, ter recuado no terreno, na fase de construção, para ajudar a transportar a bola para a frente.

Dedic ainda conseguia arrancar boas combinações com Aursnes sobre a direita e, do lado contrário, Rodrigo Rêgo também aparecia, a espaços, a conquistar profundidade, mas ao centro, o futebol do Benfica foi um verdadeiro desastre. O Atlético recuperava bolas atrás de bolas e, depois, desdobrava-se facilmente para o ataque, colocando a defesa do Benfica em polvorosa.

Logo a abrir o jogo, Caleb assinou o primeiro remate. Logo a seguir foi Joãozinho e depois outra vez Caleb e o Benfica nem tinha entrado no jogo. O Atlético pressionava alto, obrigava o Benfica a cometer erros, com António Silva mais uma vez em destaque, e atacava com muita gente. Um Atlético destemido, mais do que isso, muito audaz, a chegar com facilidade à área de Samuel Soares.

O Benfica ainda criou algumas oportunidades, quase sempre de bola parada, mas foi o Atlético que continuou mais perto do golo, com destaque para um remate acrobático de Délcio Fernandes que obrigou Samuel Soares a aplicar-se.

Mourinho baralha e muda o jogo

Mal Fábio Veríssimo apitou para o intervalo, José Mourinho saiu em passo apressado a caminho dos balneários que, no Estádio do Restelo, ficam por trás de uma das balizas. O treinador não podia estar contente com o que viu na primeira parte e, a confirmar essa suposição, o treinador promoveu quatro substituições para a segunda parte.

Saíram Tomás Araújo, João Rego, Barrenechea e Ivanovic. Saltaram do banco Samuel Dahl, Leandro Barreiro, Richard Ríos e Schjelderup. Era um novo jogo.

O Benfica mudou a olhos vistos, pelo menos em termos de atitude, assumindo finalmente a condução do jogo, com maior controlo da bola, mas velocidade e eficácia, mas o Atlético manteve o nível que tinha apresentado na primeira parte e, sempre que podia, lá ensaiava mais uma transição.

O Benfica conseguia, finalmente, fixar o jogo no meio-campo do Atlético que, com o passar dos minutos, foi perdendo gás e recuando no terreno. Na sequência de um canto de Aursnes, sobre a direita, o Benfica chegou finalmente ao golo, com Richard Ríos a elevar-se bem na área e a cabecear para aquele que foi o seu primeiro golo de águia ao peito. Um golo muito festejado pelo colombiano.

Bola ao centro, novo ataque do Benfica, e Leandro Barreiro é derrubado por Paulinho na área. Pavlidis, na conversão do consequente penálti, dobrou a vantagem. Em dois tempos o Benfica resolvia uma eliminatória que chegou a parecer muito difícil.

Também é verdade que o Atlético, que tão bem anulou os cantos na primeira parte, já não era o mesmo. A equipa Liga 3 estava claramente em perda, não só em termos físicos, mas também de qualidade, uma vez os que estavam melhor também foram os primeiros a sair.

A vencer por 2-0, o Benfica, com mais ou menos dificuldades, acabou por controlar o jogo e também o último esforço dos temerosos jogadores da equipa de Alcântara. Mesmo a fechar o jogo, mais um penálti para o Benfica, na sequência de uma falta sobre António Silva, mas, desde a marca dos onze metros, Otamendi permitiu a defesa de Rodrigo Dias. Estava feito.