O número de mortos no incêndio que devastou um complexo residencial em Hong Kong subiu para 128 esta sexta-feira e cerca de 200 pessoas continuam desaparecidas.

O chefe de segurança da região administrativa especial chinesa, Chris Tang, precisou que 89 corpos resgatados não foram ainda identificados.

“Não descartamos a possibilidade de serem encontrados mais corpos quando a polícia entrar no edifício para investigações detalhadas”, disse Tang.

Dois dias após o início deste incêndio, os bombeiros de Hong Kong concluíram finalmente as operações de combate ao complexo residencial, construído nos anos 80, composto por oito torres com perto de 30 andares e um total de 1.984 apartamentos, onde viviam cerca de quatro mil pessoas.

Jornal da Tarde | 28 de novembro de 2025

As chamas estavam “amplamente extintas” às 10h18 locais (02h18 em Lisboa), hora em que foram dadas como concluídas as operações de combate ao incêndio, segundo um porta-voz do Governo em declarações à agência France-Presse (AFP), citando os bombeiros.
Investigação em curso
O chefe de segurança de Hong Kong indicou que a investigação para determinar as causas da tragédia ainda está em curso e poderá demorar três ou quatro semanas.

“O nosso objetivo agora é garantir que a temperatura diminui no edifício e, assim que tudo for considerado seguro, a polícia irá recolher provas e conduzir uma investigação mais aprofundada”, disse Tang. O edifício em causa estava em obras para renovação e envolto em andaimes de bambu e tela verde, o que pode ter acelerado a propagação do incêndio.

Os residentes do complexo habitacional relataram com horror a rapidez com que o fogo se alastrou.





“Um dos edifícios pegou fogo e as chamas propagaram-se a outros dois blocos em menos de 15 minutos”, disse Mui, uma mulher de 77 anos. “Aconteceu muito rápido. Só de pensar nisso, arrepio-me”.

Os bombeiros enviaram uma equipa de especialistas para o local após inúmeros relatos de que os alarmes de incêndio não tinham soado. “Verificámos que os sistemas de alarme nos oito edifícios não estavam a funcionar corretamente”, disse o chefe do corpo de bombeiros de Hong Kong, corroborando os relatos de várias testemunhas.
Três suspeitos detidos
Para além disso, a polícia anunciou a detenção de três homens suspeitos de “negligência grosseira” após a descoberta de materiais inflamáveis deixados para trás durante as obras, o que permitiu que o fogo se alastrasse rapidamente devido a ventos fortes.

O chefe do Executivo, John Lee Ka-chiu, anunciou a inspeção de todos os principais projetos de renovação da cidade. O número dois do Governo, Eric Chan, por sua vez, considerou “imperativo acelerar a transição completa para andaimes metálicos”. Os incêndios são um flagelo antigo em Hong Kong, particularmente nos bairros mais pobres. As medidas de segurança reforçadas nas últimas décadas tornaram-nos menos frequentes.

No entanto, o risco é agravado pelo facto de Hong Kong, com 7,5 milhões de habitantes, ter uma densidade populacional média superior a 7.100 pessoas por quilómetro quadrado. Este número chega a ser três vezes superior nas zonas mais urbanizadas.

Dada a dimensão limitada do território, nas últimas décadas assistiu-se à construção em massa de arranha-céus, alguns com mais de 50 andares.

c/agências