O Papa Leão XIV nomeou esta quinta-feira um novo núncio apostólico para Portugal: a escolha recaiu no arcebispo espanhol D. Andrés Carrascosa Coso, de 69 anos, que estava colocado no Equador desde 2017, depois de ter sido antes embaixador da Santa Sé no Panamá.

A nomeação foi publicada numa nota na sala de imprensa da Santa Sé e já foi saudada pelo presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Ornelas.

“Espero, a partir do que sabemos do seu percurso de experiência no mundo, em diversos níveis da presença da Igreja na sociedade e nas nações, que seja uma mais-valia para este nosso relacionamento que já é muito bom entre Conferência Episcopal, a Igreja em Portugal, com o Santo Padre e com a Igreja no seu todo”, disse à Agência ECCLESIA.

Numa nota publicada no site da CEP, D. José Ornelas revela que recebeu uma carta do novo representante diplomático da Santa Sé, em que manifesta a sua “disponibilidade de colaboração, de conhecimento e de diálogo”.

Na mesma carta, o novo representante diplomático da Santa Sé diz que Portugal é um país que admira e garante que não traz “nenhum programa pessoal”, assegurando que tentará “ser expressão da atenção e do amor do Santo Padre”, comprometendo-se a visitar “as dioceses, os institutos religiosos, as paróquias e os seminários… com a atitude de encontrar, ouvir, dialogar, partilhar e trabalhar em conjunto”.

Também o patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, publicou uma nota no site do Patriarcado de Lisboa em que saúda a nomeação e exprime “plena disponibilidade para colaborar com o senhor núncio na missão que o Santo Padre lhe confiou: fortalecer os laços de unidade, promover a paz, servir o Evangelho e cuidar do povo de Deus que peregrina em Portugal”.

D. Andrés Carrascosa Coso nasceu a 16 de Dezembro 1955 em Cuenca (Espanha) e recebeu a ordenação sacerdotal a 2 de Julho de 1980. Em Roma, licenciou-se em Teologia Bíblica na Pontifícia Universidade Gregoriana e a licenciatura em Direito Canónico e o doutoramento em Direito Internacional na Pontifícia Universidade de Santo Tomás de Aquino.

Segundo o currículo que foi divulgado, o novo núncio apostólico em Portugal ingressou no serviço diplomático da Santa Sé a 1 de Maio de 1985 e desempenhou sucessivamente as suas funções na Representação Pontifícia da Libéria, concorrente com Serra Leoa, Guiné Conacri e Gâmbia; na Representação Pontifícia na Dinamarca, concorrente com Suécia, Noruega, Islândia e Finlândia; no Conselho dos Assuntos Públicos da Igreja (actualmente Secção das Relações com os Estados e Organizações Internacionais da Secretaria de Estado); no Escritório das Nações Unidas e Agências Especializadas em Genebra; e nas nunciaturas apostólicas no Brasil e no Canadá.

Foi nomeado Arcebispo Titular de Elo e núncio apostólico na República do Congo a 31 de Julho de 2004, sendo em Agosto do mesmo ano nomeado também núncio apostólico no Gabão. Sucessivamente, a 12 de Janeiro de 2009, foi nomeado núncio apostólico no Panamá e desde 22 de Junho de 2017 que estava como núncio apostólico no Equador.

D. Andrés Coso sucede a D. Ivo Scapolo, que resignou ao cargo em Maio de 2025, aos 71 anos, usando da prerrogativa que prevê que possa pedir a antecipação da sua jubilação.

D. Ivo Scapolo foi nomeado núncio apostólico em Portugal em Agosto de 2019, tinha então 66 anos, por decisão do Papa Francisco. Até essa data, o arcebispo tinha estado como representante diplomático do Papa no Chile, tendo sido escolhido para vir para Portugal para ocupar o cargo deixado vago por D. Rino Passigato, que apresentara a sua renúncia aos 75 anos de idade.

Nascido em Pádua, em 1953, D. Ivo Scapolo passara por Angola, Portugal (como secretário, no fim dos anos 80) e Estados Unidos da América, tendo, já na qualidade de núncio apostólico, representado a Santa Sé na Bolívia, em Ruanda e no Chile. Quando aterrou em Portugal, seguiram-no as suspeitas de que terá encoberto casos de abuso sexual no Chile, o que negou sempre.

Um núncio apostólico é um representante diplomático permanente da Santa Sé – não do Estado da Cidade do Vaticano – que goza dos mesmos privilégios e imunidades que uma embaixada. Compete-lhe intermediar as relações diplomáticas entre a Santa Sé e as autoridades do país, além de gerir o processo de resignação, nomeação e alocação dos bispos.