Numa altura em que o exército enfrenta uma ofensiva relâmpago dos rebeldes no norte do país, Bashar al-Assad anunciou por decreto o aumento dos salários dos soldados de carreira em 50 por cento – decisão que não se aplica a reservistas ou reformados.

O anúncio surgiu nas últimas horas, depois de o exército ter tentado repelir o avanço em direção à cidade de Hama de uma coligação de rebeldes liderados por islamitas radicais, que tomaram nos últimos dias a maior parte de Alepo, a segunda cidade da Síria.

“Com um salário de 20 dólares por mês, as tropas estão desmotivadas e desmoralizadas”, disse à AFP o analista Fabrice Balanche, que explicou que o exército sírio é geralmente composto por voluntários, recrutas e reservistas.

Antes da guerra, o efetivo militar sírio era estimado em cerca de 300 mil homens, mas os dados de 2015 indicam que as forças sírias tinham perdido metade dos efetivos devido a mortes e deserções durante o conflito.

Rebeldes avançam em direção a Hama


O exército sírio tem enfrentado vários confrontos com insurgentes liderados por islâmicos na província de Hama e, paralelamente, tem tentado deter o avanço dos rebeldes na principal cidade da região central do país.


A agência de notícias estatal síria SANA noticiou, esta quarta-feira, que o exército continuava as operações contra “organizações terroristas” na província de Hama, no norte.

Segundo a mesma fonte, as “unidades do exército estão envolvidas em confrontos violentos com vários tipos de armas” em eixos a nordeste e noroeste da cidade.





Os confrontos surgem no momento em que uma coligação liderada por extremistas islâmicos lançou uma ofensiva relâmpago no noroeste da Síria, a 27 de novembro, tomando dezenas de cidades e uma grande parte de Alepo.

Os rebeldes fizeram um avanço maior na semana passada, tomando Aleppo – considerada a maior cidade da Síria antes da guerra – num ataque inesperado que quebrou longas linhas da frente estáveis e desestabilizou ainda mais uma região.

A província de Deir Ezzor, no extremo leste da Síria, está dividida entre as forças do regime de al-Assad, que detêm a margem ocidental do rio Eufrates, e os combatentes locais integrados nas Forças Democráticas Sírias (FDS, dominadas pelos curdos), que controlam a margem oriental. Região onde, esta quarta-feira, prevaleceu uma “calma relativa” depois de as forças do regime terem repelido um ataque lançado por combatentes aliados às forças curdas, segundo o OSDH.

Os combates, que começaram na terça-feira de manhã, foram acompanhados por ataques aéreos dos Estados Unidos em apoio às forças aliadas das FDS, acrescentou o observatório. Os confrontos fizeram “16 mortos, incluindo dois civis, onze soldados e combatentes de grupos pró-regime”, assim como três combatentes das FDS.

Apoiadas por uma coligação internacional liderada por Washington, as FDS lideram a luta contra os radicais do grupo Estado Islâmico (EI) na Síria. Os combates descritos pelo OSDH ocorreram perto da base da Conoco, onde estão estacionadas as tropas americanas.