“Guiado por questões humanitárias, o lado russo anuncia uma trégua de Páscoa. Ordeno a suspensão de todas as atividades militares neste período”, anunciou o líder russo numa reunião no Kremlin.
Putin disse esperar que a Kiev siga o exemplo de Moscovo e anuncie também um cessar-fogo, mas já solicitou ao chefe do Estado-Maior da Rússia, Valery Gerasimov, que prepare as tropas russas para repelir quaisquer ataques ucranianos.
“Assumimos que a Ucrânia seguirá o nosso exemplo. Ao mesmo tempo, as nossas tropas devem estar preparadas para repelir possíveis violações da trégua e provocações por parte do inimigo, assim como quaisquer ações agressivas”, vincou o presidente.
Na opinião de Vladimir Putin, a reciprocidade ucraniana demonstraria “a sinceridade do regime de Kiev, a sua vontade e capacidade de respeitar os acordos, de participar no processo de conversações de paz destinadas a eliminar as causas profundas da crise ucraniana”.
Na reunião no Kremlin, Putin pediu ao chefe do Estado-Maior que mantenha os soldados russos “extremamente atentos e concentrados, prontos para uma resposta imediata e completa”.
Zelensky diz que drones russos mostram verdadeira atitude de Moscovo
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, veio já afirmar que os drones russos nos céus do seu país demonstram a verdadeira atitude de Moscovo em relação à Páscoa e à vida das pessoas.
“A defesa aérea e a aviação ucranianas já começaram a trabalhar para nos proteger. Os drones Shahed nos nossos céus revelam a verdadeira atitude de Putin em relação à Páscoa e à vida humana”, acrescentou.
Horas depois, Zelensky afirmou que “se a Rússia estiver realmente disposta a envolver-se, a Ucrânia fará o mesmo” e propôs “estender o cessar-fogo para além de 20 de abril”.
O ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros, Andrii Sybiha, disse por sua vez que Kiev mantém a intenção de respeitar um acordo de cessar-fogo que possua a duração de 30 dias.
“Putin fez agora declarações sobre a sua alegada disponibilidade para um cessar-fogo de 30 horas em vez de 30 dias”, continuou. “Sabemos que as suas palavras não são de confiança e por isso vamos olhar para as ações e não para as palavras”.
Ukraine’s position remains clear and consistent: back in Jeddah on March 11, we agreed unconditionally to the U.S. proposal of a full interim ceasefire for 30 days.
Russia refused, and the Russian refusal to the United States has already lasted 39 days. Instead, the Moscow…
— Andrii Sybiha 🇺🇦 (@andrii_sybiha) April 19, 2025
A primeira foi em abril de 2022, por iniciativa do secretário-geral da
ONU, António Guterres, mas acabou por não se concretizar porque a Rússia
considerou que um cessar-fogo daria ao Exército ucraniano a oportunidade de se reagrupar e rearmar.
No ano seguinte, em janeiro de 2023, o patriarca da Igreja Ortodoxa
Russa instou ambas as partes a suspenderem as hostilidades até à Páscoa e
a Rússia declarou uma trégua de 36 horas, mas esta foi denunciada como
uma “armadilha” pela Ucrânia e os combates prosseguiram.
Após o anúncio acerca do cessar-fogo temporário, a Rússia avançou que trocou mais de 240 prisioneiros com a Ucrânia, incluindo soldados feridos que necessitam de tratamento de emergência.
“No final do processo de negociação, 246 militares russos foram repatriados do território controlado pelo regime de Kiev. Em contrapartida, foram entregues 246 prisioneiros de guerra das forças armadas ucranianas”, para além de 31 feridos ucranianos e 15 russos, anunciou o Ministério da Defesa da Rússia no Telegram.
“A maior parte do território na região onde ocorreu a invasão [ucraniana] foi agora libertada. São 1.260 quilómetros quadrados, ou seja, 99,5 por cento do território”, indicou o chefe do Estado-Maior russo, Valery Guerasimov.
c/ agências