O Governo cabo-verdiano declarou situação de calamidade na ilha de São Vicente, onde as fortes chuvas que caíram na noite de segunda-feira já provocaram a morte de cinco pessoas, além de danos em vias públicas, habitações e viaturas. A medida foi anunciada pelo ministro da Administração Interna, Paulo Rocha, citado pela Rádio de Cabo Verde (RCV).

Entrentant0, o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos alertou nesta segunda-feira que a tempestade tropical Erin se está a formar a 455 km para Oeste-Noroeste de Cabo Verde, com velocidades sustentadas do vento de 75 km/hora, noticiou a Reuters.

Este pode ser o primeiro furacão do Atlântico no Verão de 2025, pelo que é expectável que ganhe força ao longo dos próximos dias, tornando-se um grande furacão no sábado, dia 16, atingido a costa da América.

“Choveu muito em tão pouco tempo”, afirmou o ministro da Administração Interna cabo-verdiano, que confirmou também que os estragos se estenderam à ilha de Santo Antão, nomeadamente no município do Porto Novo.

“Endereçamos os nossos pêsames aos amigos e familiares das vítimas”, acrescentou Paulo Rocha. As autoridades “estão empenhadas em apoiar as vítimas e as suas famílias”, declarou Paulo Rocha.


O presidente do Serviço Nacional de Protecção Civil e Bombeiros confirmou à agência Lusa que, devido às chuvas intensas, morreram pelo menos cinco pessoas em São Vicente, além dos danos registados em infra-estruturas públicas, habitações e viaturas.

A administradora do Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INMG), Ester Araújo de Brito, citada pela RCV explicou que, nas últimas 24 horas, foi previsto o impacto sobre Cabo Verde de uma onda de leste que poderia provocar precipitação variável acompanhada de trovoadas.

“Era um sistema que, em princípio, parecia pacífico, sem ventos intensos ou classificação de depressão tropical. No entanto, ao passar pelas ilhas ocidentais — São Nicolau, São Vicente e Santo Antão — intensificou-se”, afirmou.

Durante a sua passagem, registaram-se períodos de chuva intensa, principalmente entre as 00h00 (2h00 em Lisboa) e as 7h (9h em Lisboa).

“Uma das situações mais graves ocorreu em São Vicente, onde, a partir das 3h (5h em Lisboa), durante cerca de uma hora, caíram cerca de 163 milímetros de chuva”, disse Ester Araújo de Brito, quando a média anual ronda os 200 mm de chuva.

“Embora a instituição tivesse previsto chuva e trovoada, não foi emitido alerta porque o sistema inicialmente parecia menos perigoso. A previsão baseou-se em imagens de satélite, pois não dispomos de radares, o que dificulta a previsão precisa da intensificação e quantidade de chuva”, acrescentou.

A responsável alertou ainda para um possível agravamento do estado do mar, com ondulação do sul entre dois e 3,5 metros, recomendando especial atenção nas ilhas do sul.