O relatório factual dos peritos europeus sobre o apagão ibérico, conhecido esta sexta-feira, “deixou claro que este apagão aconteceu em Espanha, tendo afetado Portugal” e que não se verificou “nenhum desligamento de centros electroprodutores portugueses”, isto até todo o sistema ter colapsado.

É a primeira leitura pública feita pela ministra do Ambiente e Energia ao primeiro relatório da investigação que está a ser conduzida pela organização que integra os operadores de rede europeus, a ENTSO-E. Maria da Graça Carvalho aproveitou a sua intervenção na conferência sobre energia renovável promovida pela APREN (Associação Portuguesa de Energias Renováveis) para comentar o documento.

Apagão resultou de “fenómeno local” no sul de Espanha. Investigadores defendem controlo de tensão em todas as centrais

A investigação classifica o apagão de fenómeno inédito que resultou de episódios de sobretensão que provocaram a saída em cascata de centros eletroprodutores no Sul de Espanha. E destacou como recomendação a fundamentar num futuro relatório a necessidade de ser feito um controlo do nível de tensão em todas as centrais elétricas. Portugal, sublinha Maria da Graça Carvalho, já realiza a análise e o controlo de tensão nas centrais térmicas e solares.

“Ficou ainda claro que o controlo de tensão português foi exemplar”, porque o comportamento registado foi o que seria de esperar nas condições verificadas e conclui que “muitas das debilidades sinalizadas no relatório não se aplicavam no nosso país”.

Ainda assim, “há sempre lições a tirar e aspetos a melhorar”, o que Portugal está a fazer, diz, remetendo as medidas de reforço da segurança do sistema já anunciadas em julho. Entre as 31 medidas, destaca a duplicação do número de centrais com capacidade para arranque autónomo, o blackstart, e um reforço de 137 milhões de euros no investimento em reforços de rede para responder a necessidades mais urgentes.

Maria da Graça Carvalho revelou ainda esta sexta-feira que foi enviado para apreciação parlamentar o novo Plano de Desenvolvimento e Investimento na Rede de Distribuição de Eletricidade, para o período 2026-2030 (PDIRD-E), avaliado em 1581 milhões de euros.