O pano laranja que separava a entrada da sede das escadas que levavam até ao primeiro piso subiu lentamente pelas 0h35. A euforia subiu também. Atrás, estava o Pedro Duarte, eleito presidente da Câmara do Porto, de camisa branca e sem gravata. Rodeado pela sua equipa, punhos no ar. Gritava-se o nome do social-democrata e da coligação, “o Porto somos nós”, agitavam-se as bandeiras dos vários partidos da coligação: PSD, CDS-PP, IL.
Pedro Duarte tinha dito aos jornalistas que falaria ao som da “emoção”, sem papéis. E assim fez. “O Porto hoje não elegeu só um novo presidente da câmara, elegeu um novo líder para o Norte de Portugal”, disse, perante aplausos intensos da sala e gritos de apoio: “Pedro vai em frente, tens aqui a tua gente!”.
E o Pedro ia, continuando a promessa sempre popular de combater o “centralismo exacerbado do país.” Não será, no entanto, uma “luta contra Lisboa” – e até terá em Carlos Moedas um aliado” – mas antes uma luta por um “país mais coeso.”
Os resultados demoravam a cair, mas Pedro Duarte ia dizendo que tinha conseguido mais de 41 mil votos e que o empate com o PS em número de vereadores não seria um problema. Ficando o desempate nas mãos do Chega, a resposta do agora eleito presidente de câmara mantém-se: “Não ponho em cima da mesa a possibilidade de um acordo de governação com o Chega”, disse aos jornalistas, sublinhando ainda que tem “o dever de dialogar com todos.”
Num tom de festa e informalidade, Pedro Duarte começou o seu discurso improvisado com agradecimentos. Primeiro, com uma “saudação” à “maravilhosa cidade”. Depois com fair-play: “Vivemos tempos em que a democracia está a ser ameaçada, está em risco. Nos regimes autocráticos também há vencedores, o que não existe é os que não conseguem atingir os objectivos. O meu primeiro agradecimento é aos que não conseguiram atingir os seus objectivos hoje: aos 11 candidatos que não ficaram em primeiro e são vencedores esta noite”. E, em especial, a Manuel Pizarro, disse, com aplausos e assobios.
Falando de uma “candidatura especial e difícil”, Duarte elogiou-se por rejeitar o “politicamente correcto” e por não seguir “conselhos e sugestões” de analistas que tentavam “manipular e induzir num determinado sentido”. E voltou a hastear, com muitos aplausos, a sua bandeira da segurança, apesar de os dados oficias mostrarem que o Porto é hoje mais seguro do que há uma década.
“Temos noção da responsabilidade que temos em mãos. Vamos liderar uma enorme cidade. Vamos cuidar da segurança da cidade, tentar acabar com o inferno do trânsito, olhar para os idosos e crianças. Não esquecemos aquilo com que nos comprometemos. Vamos arregaçar as mangas e lutar.”
O ambiente foi de festa desde o início. Às 20 horas, quando as primeiras projecções saíram, um grupo de apoiantes celebrou como se de uma vitória certa se tratasse, ainda que os resultados ainda deixassem margem para dúvidas. Veio a hora de jantar, os ânimos esfriaram um pouco, mas o clima seguia de vitória.
Ainda antes das 23 horas, festejou-se a eleição de Cláudia Bravo para a união de freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde. Já perto da meia-noite foi a vez de se gritar o nome de Patrícia Rapazote, candidata por Ramalde, e logo de seguida o de Pedro Teichgräber, pela União de freguesias de Lordelo e Massarelos.
Passou pela sede Nuno Melo, primeiro, e Luís Montenegro, já depois da uma da manhã. A “Marlene”, camioneta da candidatura, estava a postos para a festa pela Avenida dos Aliados.