Em Portugal, a diferença de rendimentos entre concelhos continua a ser de extremos: em cinco municípios do país, os habitantes recebem, em média, menos de mil euros por mês — já com subsídios e bónus incluídos. No extremo oposto, concelhos como Oeiras, Alcochete e Sines registam rendimentos mensais médios acima dos dois mil euros, refletindo um país de fortes contrastes salariais.

De acordo com a ‘Rádio Renascença’, Oeiras mantém-se entre os concelhos com maior poder de compra, ao lado de Lisboa e Porto. Em 2021, estes três municípios concentravam mais de 15% da capacidade nacional de aquisição de bens e serviços. Nesse mesmo ano, Lisboa apresentava um poder de compra 86% acima da média nacional, Oeiras 65% e Porto 47%. Ainda assim, em nove de cada dez concelhos — um total de 277 dos 308 — o poder de compra ficava abaixo da média do país.

Concelhos mais ricos e mais pobres

Entre os concelhos com menor poder de compra destacam-se Ponta do Sol e Porto Moniz, na Madeira, Penamacor, em Castelo Branco, e Vinhais, em Bragança. Nestes territórios, o poder de compra é cerca de 40% inferior à média nacional e mais de 120% abaixo do registado em Lisboa.

Por regiões, a Área Metropolitana de Lisboa lidera o PIB per capita, com cerca de 26,5 mil euros de riqueza por habitante. Seguem-se o Alentejo Litoral, com 25 mil euros, Aveiro (21 mil euros) e as regiões de Leiria e Baixo Alentejo, ambas com cerca de 20 mil euros. No entanto, a capital foi a que menos cresceu: o PIB de Lisboa aumentou apenas 12% em 15 anos, enquanto a região do Ave registou uma subida superior a 50%.

Castro Verde no topo dos salários

Castro Verde, no distrito de Beja, é o concelho com os salários médios mais elevados do país. O rendimento mensal médio atinge os 2.479 euros, valor impulsionado pela Somincor — empresa que explora a mina de Neves-Corvo e produz concentrados de cobre, zinco e chumbo. A atividade mineira fez disparar a economia local, com um aumento de mais de 400 euros nos salários em apenas quatro anos.

Logo a seguir surgem concelhos industriais como Sines e Alcochete, também com remunerações médias acima dos dois mil euros. Oeiras aparece em quinto lugar, com 2.100 euros, seguido de Lisboa (1.985 euros) e Porto (1.761 euros).

Segundo a ‘Rádio Renascença’, apenas 21 concelhos portugueses têm rendimentos médios mensais superiores à média nacional — atualmente fixada em 1.460 euros. Nos restantes 287 municípios, os salários continuam abaixo desse valor.

Onde se ganha menos

No outro extremo, Penedono, no distrito de Viseu, regista o ganho médio mensal mais baixo do país: 952 euros em 2023, quando o salário mínimo era de 760 euros. Em Gavião, no distrito de Portalegre, os rendimentos cresceram 50% desde 2021, passando de 850 para 1.250 euros — a maior subida verificada desde as últimas autárquicas. Já Cinfães foi o único concelho onde a média de rendimentos desceu, caindo de 1.138 para 1.080 euros.

Desemprego abaixo dos 5% na maioria dos concelhos

O desemprego acompanha de perto as disparidades salariais. Castro Verde registava apenas 3,2% de desempregados em 2024, enquanto em concelhos do Alentejo, como Mourão, Moura, Odemira e Monforte, as taxas ultrapassavam os 10%.

Outros municípios com elevado desemprego incluem Murça, em Vila Real, e Moimenta da Beira, em Viseu. No extremo oposto, Trancoso apresenta a menor percentagem de desempregados inscritos no Instituto do Emprego e Formação Profissional, com apenas 2%.

Em 169 concelhos do continente, a taxa de desemprego é inferior a 5%, sendo superior a 10% apenas em sete municípios — sinal de que o mercado de trabalho português está mais equilibrado, mas ainda profundamente desigual em termos de rendimentos.