D. Manuel II, o último Rei de Portugal
A implantação de República em Portugal faz este domingo, 5 de outubro, 115 anos. A Revolução foi muito mais fácil do que se fazia prever. E a culpa foi do desleixe dos monárquicos.
Na visão do historiador Ricardo Raimundo, a República só triunfou em Portugal graças à “desorganização, desmoralização e falta de comprometimento dos monárquicos”.
Em entrevista ao Diário de Notícias, o especialista explica porquê.
A Revolução era para ter acontecido na noite de 3 para 4 de outubro. No entanto, “nada correu como tinha sido planeado”. Não houve a adesão esperada.
“A situação parecia de tal forma perdida para as forças republicanas, na madrugada do dia 4 de outubro, que o chefe da conspiração, o vice-almirante Cândido dos Reis preferiu suicidar-se a ser preso pelos monárquicos vencedores“.
“Durante a manhã de dia 4, em todos os cafés do Chiado a ideia que prevalecia era de que a revolução iria fracassar”, contou.
No entanto, por um lado, o comando da divisão militar de Lisboa nunca contra-atacou verdadeiramente os republicanos revoltosos; e, por outro, o governo também não confiava nos seus militares.
“Os oficiais encarregados de defender a monarquia, não estavam, de todo, interessados em defender um governo que não representava os seus ideais nem os defendia, e o governo, por sua vez, preferia resolver o problema com os revoltosos enviando emissários civis, em vez de entregar a resolução a militares em quem não confiava de todo”.
Assim, explicou Raimundo, ficou muito mais fácil fazer a Revolução – o que aconteceu logo no dia seguinte, 5 de outubro: “A República só triunfou devido à desorganização, desmoralização e falta de comprometimento dos monárquicos. A revolução veio preencher um vazio político que se instalara”.
O Rei D. Manuel II deixou de ser rei quando, às 9h da manhã de 5 de Outubro de 1910, uma quinta-feira, foi proclamada a implantação da República, em Lisboa. José Relvas foi o autor desse anúncio histórico.
Manuel de Arriaga viria a ser o primeiro Presidente da República.
Já Teófilo Braga liderou o primeiro governo provisório.
Ricardo Raimundo detalha os contornos não só do 5 de outubro, como também do “pré” e “pós”, no seu livro “Fact-checking à História de Portugal – verdades e mitos dos séculos XIX, XX e XXI”
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