A Dacia quer voltar a “agitar as águas” no mercado automóvel. O novo Hipster Concept, apresentado como “uma visão alternativa da mobilidade eléctrica”, é o ponto de partida para um futuro modelo que promete ser o eléctrico mais acessível da marca. Segundo a Dacia, o objectivo é simples mas ambicioso: criar “um automóvel eléctrico popular”, feito a partir do zero e centrado apenas no essencial.

Num mercado dominado por veículos cada vez maiores, mais pesados e mais caros, a marca romena (integrada no grupo Renault) quer remar contra a maré. O Hipster Concept, com apenas três metros de comprimento, quer provar que é possível ter quatro lugares e uma bagageira num formato compacto, prático e com uma pegada ambiental mais leve. A Dacia promete que este protótipo poderá reduzir “para metade” as emissões de carbono ao longo do ciclo de vida, face aos eléctricos actuais.

Design simples, ideias engenhosas

O Hipster destaca-se por um estilo assumidamente funcional: quatro rodas colocadas nos extremos da carroçaria, sem saliências dianteiras ou traseiras, e um desenho que o director de design avançado, Romain Gauvin, descreve como “tão simples que pode ser traçado com três linhas de lápis”. Essa simplicidade é visível em soluções pouco comuns, como o puxador das portas substituído por uma simples alça — mais leve, mais barata e, segundo a marca, igualmente prática.

O interior segue a mesma lógica de minimalismo engenhoso. Quatro adultos cabem num espaço que, garante a Dacia, foi aproveitado ao milímetro. Os bancos dianteiros, unidos num assento corrido, e os traseiros rebatíveis permitem variar o volume da bagageira entre 70 e 500 litros. Até as janelas laterais são deslizantes, para reduzir custos e peso. E, à boa maneira da marca, o habitáculo é personalizável através do sistema YouClip, que permite fixar acessórios modulares — de suportes para copos a luzes — conforme as necessidades de cada utilizador.


“O essencial e nada mais”

O Hipster Concept mantém-se fiel à filosofia “Bring Your Own Device” da Dacia: o smartphone substitui o sistema multimédia tradicional e até serve de chave digital. Assim que o condutor entra, o telemóvel liga-se à base de carregamento e assume as funções de navegação e áudio, através de um altifalante Bluetooth compatível com o sistema da marca.

Com este protótipo, a Dacia procura redefinir a ideia de carro eléctrico acessível, depois do sucesso do Spring, o modelo eléctrico mais barato do mercado europeu. O Hipster quer ir mais longe — não apenas em preço, mas em simplicidade. Ou, como resume o responsável de design, Romain Gauvin, “é o projecto mais característico da Dacia em que já trabalhei. Tem o mesmo impacto social que o Logan teve há 20 anos”.

Ainda é cedo para saber quando (ou se) o Hipster se tornará um modelo de produção, mas a Dacia parece convicta de que este conceito aponta o caminho para um novo tipo de automóvel eléctrico: leve, prático, descomplicado — e, acima de tudo, ao alcance de todos.