A saúde mental das mulheres brasileiras continua sendo motivo de atenção constante. A sobrecarga, a pressão social e os múltiplos papéis desempenhados diariamente mantêm o risco elevado de depressão, ansiedade e esgotamento emocional.
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Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que as mulheres têm 70% mais chances de desenvolver transtornos de ansiedade do que os homens. No Brasil, segundo a Fiocruz, cerca de 27% das mulheres já receberam diagnóstico de depressão ao longo da vida, índice quase duas vezes maior que o observado entre os homens.
A sobrecarga feminina segue como uma das principais causas. Levantamento do IBGE mostra que as mulheres dedicam, em média, 21 horas semanais ao trabalho doméstico não remunerado, quase o dobro do tempo dos homens, que contribuem com 11 horas. Esse acúmulo se soma à jornada profissional formal.
— O resultado é uma sobrecarga que frequentemente leva ao esgotamento físico e emocional — afirma a psicóloga e terapeuta integrativa Laura Zambotto, especialista em comportamento feminino e idealizadora da Casa das Rosas Terapias Integrativas®.
Laura reforça que a pressão social para exercer múltiplos papéis, mãe, esposa, profissional e cuidadora, faz com que muitas mulheres deixem de se reconhecer fora dessas funções.
— É comum que me procurem dizendo que não sabem mais quem são. Elas se doaram tanto aos outros que se perderam de si mesmas. Esse vazio interno abre espaço para sintomas de ansiedade, tristeza profunda e falta de propósito — explica.
Estudos reforçam essa realidade. Uma pesquisa da McKinsey, divulgada em 2024, apontou que 78% das mulheres brasileiras relatam sentir exaustão ou insônia frequentes. Já em universidades como a USP, pesquisadores discutem o avanço do chamado “burnout materno”, ligado à sobrecarga emocional e física nas tarefas familiares.
Para Laura, o debate sobre saúde mental feminina precisa acontecer o ano inteiro, com ações concretas que estimulem o acolhimento e o cuidado.
— Não podemos restringir essa conversa a setembro. As mulheres precisam de espaço, escuta e suporte contínuo para se reconectarem com sua essência. O autocuidado deve ser uma prática diária, não uma campanha temporária — destaca.
Recentemente, a terapeuta lançou o Projeto Uma Nova Mulher, uma metodologia voltada ao resgate da identidade feminina. — Quando a mulher aprende a confiar em si, ela ganha clareza para se reposicionar na vida. Essa transformação não é individual: ela reverbera na família, no trabalho e na sociedade — conclui.