“Vimos esses relatos e, francamente, são perturbadores. Queremos ver todas as pessoas detidas a serem repatriadas o mais rapidamente possível para os seus países de origem”, afirmou esta segunda-feira Stéphane Dujarric, o porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres.

Questionado sobre se deve haver uma investigação a essas alegações, Dujarric indicou que “sempre que há relatos de maus-tratos, devem ser investigados”.

Espancamentos e maus-tratos

Ao longo dos últimos dias, vários ativistas detidos por Israel – inclusive os quatro portugueses que seguiam na missão humanitária – denunciaram terem sofrido maus-tratos.

A eurodeputada Rima Hassan disse hoje, na Grécia, que foi “espancada por polícias israelitas”, após participar nas embarcações humanitárias da Global Sumud Flotilla, com destino à Faixa de Gaza. A deputada disse ainda que não havia camas para dormirem na prisão israelita de alta segurança de Negev, no deserto, onde permaneceram. “Por vezes éramos 13 a 15 por cela, nem sequer em camas, mas em colchões no chão. Faltava-nos mesmo tudo”, indicou.

Hoje, Israel anunciou a expulsão de 171 ativistas, incluindo a ativista ambiental sueca, Greta Thunberg, após o seu comboio, que tentava romper o bloqueio israelita de Gaza, ter sido intercetado no mar. Em Atenas, Greta mencionou também “os maus-tratos e os abusos que sofreram” durante a detenção, sem entrar em pormenores.

A Flotilha Global Sumud partiu de Espanha, no início de setembro, com o objetivo de romper o bloqueio israelita à Faixa de Gaza e entregar ajuda humanitária ao território palestiniano. Cerca de 50 barcos, que formavam o grupo, foram intercetados pela Marinha israelita ao largo da costa do Egito e da Faixa de Gaza entre quarta-feira e sexta-feira.

Portugueses regressaram no domingo

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A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, a atriz Sofia Aparício e os ativistas Miguel Duarte e Diogo Chaves também foram detidos, mas regressaram no domingo a Portugal. Os detidos portugueses também denunciaram abusos e a falta de direitos dos prisioneiros nas prisões israelitas.

Para os organizadores da flotilha e para a Amnistia Internacional, um movimento que defende os direitos humanos, a detenção dos ativistas foi ilegal.

A guerra no Médio Oriente foi desencadeada pelos ataques liderados pelo grupo islamita palestiniano Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, sendo que a retaliação israelita já provocou mais de 65 mil mortos.