Face Lab / Liverpool John Moores University

Os quatro indivíduos viveram nos Andes, na atual Colômbia, entre 1216 e 1797

Uma criança de 6 ou 7 anos, uma mulher com cerca de 60 anos e dois homens jovens foram sepultados na Colômbia com “máscaras mortuárias”. Séculos depois, investigadores removeram-nas digitalmente e revelaram os seus rostos pela primeira vez.

Em algum momento entre os séculos XIII e XVIII, quatro indivíduos indígenas da América do Sul morreram e foram sepultados com “máscaras mortuárias” a cobrir-lhes o rosto.

Agora, séculos mais tarde, uma equipa de cientistas conseguiu “retirar” digitalmente essas máscaras, e criar representações realistas do que poderão ter sido as suas feições.

Segundo o Live Science, os indivíduos viveram na Cordilheira Oriental dos Andes, na Colômbia, entre 1216 e 1797. O grupo é composto por uma criança de 6 ou 7 anos, uma mulher com cerca de 60 anos e dois homens jovens.

Todos foram sepultados com máscaras feitas de cera, resina, argila e milho, decoradas com pequenas contas que delineavam os olhos.

Apesar dos danos sofridos ao longo dos séculos, as máscaras continuam a ser exemplo de uma “extraordinária mestria artesanal”, diz Felipe Cárdenas-Arroyo, arqueólogo da Academia Colombiana de História que participou no projeto, num comunicado da  Liverpool John Moores University (LJMU), no Reino Unido.

Os túmulos destes indivíduos foram saqueados, pelo que os arqueólogos dispõem de pouca informação sobre eles. A dada altura, os corpos mumificados acabaram por ser recolhidos pelo Instituto Colombiano de Antropologia e História, onde permanecem até hoje.

Para recriar os rostos, os investigadores do Face Lab da LJMU, realizaram tomografias computorizadas (CT) dos crânios com as máscaras. Uma CT capta inúmeras imagens de raio-X detalhadas em 2D, de vários ângulos, e combina-as para formar um modelo tridimensional.

Esta técnica permitiu aos cientistas “remover” digitalmente as camadas correspondentes às máscaras, obtendo assim uma visão limpa dos crânios.

Com os crânios digitalmente “desmascarados”, a equipa usou então uma caneta tátil e software especializado para acrescentar tecidos moles, como músculos e gordura, aos rostos.

No caso dos dois homens jovens, recorreram a dados sobre a espessura média dos tecidos faciais de homens colombianos adultos atuais. Contudo, como não existem dados equivalentes para mulheres e crianças colombianas, os investigadores tiveram de fazer estimativas fundamentadas para essas reconstruções.

A partir daí, foram adicionados os retoques finais. Os investigadores optaram por tons de pele, olhos e cabelo mais escuros, característicos das populações da Colômbia, e incluíram pormenores como sardas, rugas, pestanas e poros.

Embora os retratos digitais sejam incrivelmente realistas, os investigadores sublinham que se tratam apenas de interpretações científicas do possível aspeto das pessoas — não de representações exatas.

“A textura é sempre o maior desafio, porque simplesmente não sabemos como é que estas pessoas se apresentavam — se tinham cicatrizes ou tatuagens faciais, ou qual seria exatamente o tom da pele”, explica Jessica Liu, gestora do projeto no Face Lab, à Live Science. “O que apresentamos em termos de textura é uma representação média, baseada no que sabemos sobre estes indivíduos”.

Os rostos foram revelados publicamente pela primeira vez em agosto, durante o Congresso Mundial de Estudos sobre Múmias, realizado no Peru. No futuro, a equipa espera que o projeto aumente o interesse por estas civilizações extraordinárias, afirmou Liu.


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