São um autêntico esquadrão urbana anónimo. No caso do ataque à primeira carrinha, os responsáveis pela ação montaram um cocktail destrutivo: “Este dispositivo tem 5x750ml + 190ml de gasolina, com algum tecido embebido e triplo rastilho, uma vez que só teríamos uma oportunidade e falhar estava fora de questão.” Resultou dessa vez, tal como resultou em 2023 e como resultaria, novamente, em 2024, quando destruíram mais duas carrinhas da empresa recorrendo ao mesmo método. “Temos a certeza de que a única ação comparável em termos de dimensão é a onda de furto de baterias que, em certas zonas (Lumiar), assumiu proporções consideráveis.”
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Foi o próprio grupo que enviou ao Observador um levantamento detalhado das ações dos seus membros. Na verdade, mais do que um levantamento, dentro do envelope que chegou à redação foram colocadas 16 páginas A4 com um relatório completo da atividade do grupo desde 2022 até ao mês de setembro de 2025, com a descrição das várias técnicas e meios a que recorreram para assegurar a destruição dos equipamentos. Os ataques até terão começado antes, ainda em 2018, mas nessa altura ainda não tinham documentavam toda a sua atividade.
“O nosso único objetivo é mostrar, pelo nosso exemplo, que a prepotência e a arbitrariedade de instituições predatórias e parasitas tem limites e [que] os cidadãos têm direito à revolta”, dizem logo nos primeiros parágrafos da carta.
Para lá desse levantamento exaustivo, o secretismo é total. Na indicação de remetente do envelope que chegou à redação vinha escrita a morada do próprio Observador. Por cima, na primeira linha, à frente da identificação do suposto remetente surgia uma curtíssima referência: “3VE”.
Uma busca online sobre esse termo devolve dois resultados distintos. O primeiro é a ligação para uma suposta agência que se apresenta como “a bala de prata” para os empreendedores a precisar de um boost na sua estratégia de marketing. Está sedeada nos Estados Unidos, mais concretamente na Carolina do Norte, e as últimas publicações nas redes sociais são de outubro de 2019 (no X) e maio de 2022 (no Facebook).
O segundo resultado remete para aquele que foi o maior esquema de fraude com publicidade online, desmantelado por um conjunto alargado de organizações em 2018, numa operação que partiu de uma investigação do FBI.
No fundo, nenhuma das duas referências estaria, à partida, relacionada com os autores da carta/denúncia dos ataques à EMEL e aos radares de Lisboa. “Por motivos óbvios, não haverá qualquer contacto direto” com qualquer dos elementos do grupo, concluem. O motivo é simples: o grupo assume, abertamente, que há pelo menos sete anos que se dedica à prática de um crime de dano e que multiplicou esse crime por dezenas e dezenas de vezes, em múltiplos locais da cidade de Lisboa. Mais: ao assumir que atua em grupo e de forma concertada, poderia até incorrer num crime de associação criminosa.