Sony Pictures / DivulgaçãoJonah Wren Phillips em cena do filme “Faça Ela Voltar” (2025), de Danny Philippou e Michael Philippou.Sony Pictures / Divulgação

Definitivamente não será como assistir no cinema, mas o melhor filme de terror do ano já pode ser visto em casa: a partir desta terça-feira (7), Faça Ela Voltar (Bring Her Back, 2025) está disponível para aluguel no Amazon Prime Video.

É o ápice de uma safra extraordinária para os fãs de terror. Neste ano, pela ordem de lançamento aqui no Brasil, já tivemos Nosferatu (2024), de Robert Eggers, Desconhecidos (2023), de JT Mollner, Sob o Domínio (2025), de Julio Cesar Napoli, Pecadores (2025), de Ryan Coogler, Exterminio: A Evolução (2025), de Danny Boyle, A Hora do Mal (2025), de Zach Cregger, e Juntos (2025), de Michael Shanks.

Sim, Pecadores transcende o gênero ao misturar filme de vampiro, musical blues e drama histórico sobre racismo e apropriação cultural, tem a cena mais maravilhosa do ano, foi um sucesso de bilheteria (US$ 365,8 milhões) e provavelmente vai figurar nas principais premiações da temporada, incluindo o Oscar.

Mas Faça Ela Voltar é sublime em oferecer uma experiência genuinamente aterradora — não há nenhum pingo de alívio cômico.

O filme provoca um choque tanto estético quanto emocional, como bem apontou o crítico PH Santos: a direção dos irmãos gêmeos australianos Danny Philippou e Michael Philippou “insiste no tangível, no sangue, na carne, para transformar um trauma em cicatriz, em algo visível, em materialização para a gente”.

E Sally Hawkins, australiana indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante por Blue Jasmine (2013) e ao de melhor atriz por A Forma da Água (2017), merece concorrer novamente na premiação da Academia de Hollywood.

Por que você deveria ter visto o filme no cinema

Sony Pictures / DivulgaçãoSally Hawkins em cena do filme “Faça Ela Voltar”, dos gêmeos australianos Danny e Michael Philippou.Sony Pictures / Divulgação

Filmes como Faça Ela Voltar se beneficiam muito do ambiente de uma sala de cinema. A escuridão é convidativa ao gênero do terror, a tela grande amplifica a tensão das cenas, o som alto torna qualquer farfalho um alerta de perigo.

Desde que os celulares estejam desligados, a experiência pode ser realmente imersiva: a concentração favorece o estado de pânico e nos deixa mais suscetíveis ao susto.

Simbolicamente, a sala de cinema também é um lugar sem escapatória, o que combina com o tipo de trama projetada: não há como parar o filme para respirar e tomar fôlego.

E dentro de um cinema a gente também pode se contaminar, no bom sentido: dá para sentir o nervosismo alheio diante de uma ameaça iminente ao protagonista ou da imprevisibilidade no rumo da história.

O ruído das poltronas denuncia a perturbação do espectador diante daquilo que vê — ou pior, não vê.

E chega a ser uma coisa boa quando alguém não consegue sufocar o seu medo e solta um gritinho. É quase como um momento de comunhão, um reconhecimento de que não estamos sozinhos, alguém mais está enfrentando conosco o pavor.

A trama de “Faça Ela Voltar”

Sony Pictures / DivulgaçãoBilly Barratt e Sora Wong no filme “Faça Ela Voltar”.Sony Pictures / Divulgação

Em Faça Ela Voltar, os irmãos gêmeos australianos Danny Philippou e Michael Philippou, hoje com 32 anos, aprimoram todas as virtudes demonstradas no seu primeiro longa-metragem, Fale Comigo (2022). Estão lá, por exemplo, a atmosfera sinistra e o despudor para a violência gráfica (para a qual a sonoplastia é fundamental). O ritual macabro que vemos na sequência de abertura não é gratuito: deriva de uma dor emocional, é como uma súplica.

E outra vez a dupla dá protagonismo a adolescentes solitários. O filme de agora é sobre um rapaz de 17 anos, Andy (Billy Barratt), e a sua irmã mais nova, Piper (Sora Wong), que tem deficiência visual. Depois da morte do pai, os dois são enviados para um lar adotivo, o da excêntrica Laura (Sally Hawkins, digna de indicação ao Oscar, vale repetir), que também acolhe um menino mudo chamado Oliver (Jonah Wren Phillips, assombroso).

Evidentemente, começam a acontecer coisas estranhas que não precisam nem devem ser explicitadas aqui — vale apenas um alerta aos espectadores mais sensíveis. Faça Ela Voltar é absolutamente perturbador: prepare-se para se sentir mal e quem sabe até soltar um grito pelo choque de uma cena. 

E Faça Ela Voltar também é imprevisível. Os diretores dão pistas, mas não entregam o ouro: o espectador precisa ficar ligando as pontas pra completar o quadro. E mesmo assim não há como saber qual será o desfecho da história.

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