Quando Claudia Raia revelou que iniciou a reposição hormonal e se sentiu “viva de novo”, muitas mulheres se identificaram. Flávia Alessandra também compartilhou que, após enfrentar insônia e alterações de humor, encontrou equilíbrio com o tratamento. Já Poliana Rocha disse ter sentido os efeitos da menopausa antes do esperado, e não hesitou em buscar ajuda médica para recuperar o bem-estar.

Essas mulheres têm algo em comum: fazem parte de uma geração que fala abertamente sobre o climatério e compreende que o corpo muda, mas que saúde e vitalidade não precisam ficar para trás. A reposição hormonal (RH) vem ganhando destaque por restaurar a qualidade de vida. Porém, há um aspecto fundamental a ser considerado: como garantir que o tratamento, além de aliviar os sintomas, também proteja o coração?

A queda do estrogênio e o coração feminino

Com a chegada da menopausa, a produção de estrogênio, hormônio que contribui para a elasticidade dos vasos sanguíneos e o bom funcionamento do metabolismo, sofre uma queda significativa. Isso pode resultar em aumento da gordura abdominal, elevação do colesterol, resistência à insulina e maior risco de hipertensão.

— Essas mudanças metabólicas fazem com que o risco cardiovascular da mulher aumente depois da menopausa. O que antes era uma vantagem protetora em relação aos homens passa a se igualar — ou até a ultrapassar — explica a cardiologista metabólica Priscila Sobral.

O papel da reposição hormonal

Estudos recentes indicam que, quando bem indicada e acompanhada, a reposição hormonal pode atuar como proteção para o sistema cardiovascular.

— O estrogênio tem efeito direto sobre as artérias, ajudando a manter os vasos mais elásticos e saudáveis. Além disso, melhora o perfil lipídico e reduz a gordura visceral, que está ligada ao risco de infarto e diabetes — afirma a médica.

Segundo a Dra. Priscila, o momento ideal para iniciar o tratamento deve ser avaliado de forma individualizada.

— Mesmo quem começa a reposição em uma fase mais tardia pode se beneficiar — talvez com resultados diferentes, mas sem aumento de riscos quando o tratamento é bem conduzido e acompanhado de perto — destaca.

A reposição hormonal possui algumas contraindicações; por isso, é indispensável uma avaliação médica completa antes de iniciar o tratamento.

— Exames de sangue, perfil lipídico, função hepática e cardíaca são fundamentais. E o acompanhamento precisa ser constante, com ajustes personalizados nas doses e nas vias de administração — esclarece a cardiologista.

Fórmulas transdérmicas, como adesivos e géis, costumam ser mais seguras que as orais, devido ao menor impacto no fígado e na coagulação. — Mas cada caso deve ser analisado cuidadosamente. Não existe uma reposição padrão: existe a reposição certa para cada mulher — reforça.

Coração em primeiro lugar

Mais do que equilibrar os hormônios, cuidar do coração exige uma visão integral. Alimentação equilibrada, sono regular e prática constante de atividade física são pilares tão importantes quanto o tratamento medicamentoso.

— Hormônio nenhum faz milagre sozinho — lembra a especialista. — O que buscamos é um organismo em harmonia, onde o metabolismo, os hormônios e o coração trabalhem juntos — acrescenta.

Claudia, Flávia e Poliana ajudaram a colocar a menopausa no centro do debate, abrindo espaço para uma discussão mais madura sobre a saúde da mulher. A reposição hormonal pode, sim, ser uma grande aliada. Mas, como enfatiza a Dra. Priscila, “é preciso enxergá-la como parte de um cuidado global, que priorize o bem-estar sem descuidar do coração”.