Chegou a dizer que Marcelo queria ouvi-lo porque é muito bom. Ursula von der Leyen também o quer ouvir? Acha que já conseguiu o estatuto de ‘influenciador’ que teve em Portugal?

Talvez a grande diferença entre o comentador de 2020 e o eurodeputado de 2025 é que a prioridade do primeiro era ser ouvido por quem o rodeava e a de segundo é ouvir quem o rodeia.

Também afirmou que o que gostava mais era de ser livre e de poder dizer e escrever o que lhe apetecia. Em Bruxelas perdeu a liberdade de pensamento?
Nenhuma. O PPE tem 27 sensibilidades nacionais diferentes. O PSD é um partido de gente livre. Não perdinada.

Falando apenas na beleza física, de que ‘grupo’ são as eurodeputadas mais bonitas? Eslavas, latinas, germânicas?
Pensei que soubesse que sou um patriota.

Disse que tinha vários escritos do tempo de jornalista, mas que tinha receio de fazer um livro, pois poderia perder muitos amigos. Esse livro morreu, agora que entrou na política?
Como ninguém fica na política para sempre, parece-me que poderá haver tempo para a escrita mais tarde.

Um tio-avô casou com uma japonesa, outro casou com uma angolana e a sua mãe é casada com um afrodescendente. Em que medida essa ‘mistura’ o tem ajudado a perceber as diferenças na União Europeia?

Dentro da União, talvez me faça ser um pouco menos conservador do que alguns. Para fora, levou-me a uma maior preocupação com a nossa relação com os outros continentes. Se não os ajudarmos lá, teremos os seus problemas cá.

Que tipo de dicas lhe deu o seu amigo Sérgio Sousa Pinto, antigo eurodeputado, para viver melhor em Bruxelas?
Sabe que uma das vantagens da verdadeira amizade é que não se revelam conversas. Mas posso dizer-lhe que tive de comprar sapatos de borracha, para não escorregar no piso molhado.

Tem percorrido Portugal de lés a lés em apoio dos candidatos locais. Qual foi a iguaria gastronómica que mais gostou?
Sandes de cozido, em Torres Vedras, com o meu amigo Marco Claudino. E bifanas do Rufino, com o meu amigo Silvério Regalado, em Vagos.

Essas visitas são uma espécie de estágio para um dia concorrer à cadeira de São Bento? Imagine que um dia se concretiza esse seu desejo. Que iguarias não poderão faltar na ceia dessa noite? E que música ouvirá quando chegar a casa?
Sinceramente, estou a tentar ajudar quem me ajudou, não a amealhar ajudas para futuro. E, felizmente, já chego a casa quase todos os dias com a ementa e a banda sonora que prefiro. Não é preciso ser em São Bento.

Pensa que algum dia deixará de ser político?
Interiormente, nunca. Profissionalmente, claro.

Giorgia Meloni é a grande líder da Direita europeia?
Uma pessoa inteligente só responderá a essa pergunta depois das presidenciais francesas.

Que livro levou para férias?
Tive poucos dias de férias. Estive em campanha. Mas estou a ler uma biografia do Mitt Rommey escrita por um jornalista que é mórmon como ele. Tem muita graça.

Há algum autor de quem tenha lido tudo o que escreveu?
O Vítor Rainho. Leio as colunas todas dele há mais de dez anos.

Prefere música antiga, barroca, clássica, romântica?
Depende. No carro de campanha, não há lugar para música boa, porque conduzimos a más horas. No avião, oiço o Max Richter até adormecer. Em momentos de felicidade, oiço a Nona até ao Hino da Alegria começar. Depois tiro, porque sinto que estou a entrar no Parlamento Europeu. Em casa, sempre algo diferente, mas invariavelmente os concertos do Keith Jarrett no Japão. Era onde ele mais gostava de atuar. Não havia barulho.

Qual foi o ‘trabalho’ ou tema que lhe deu mais gozo como eurodeputado?
Ser relator do PPE para o relatório da reforma da União Europeia a seguir à entrada de novos Estados-membros. Redigir e negociar duas resoluções sobre a Venezuela com todos os grupos políticos. Conversar com as Presidentes de países convictamente europeus apesar de pressionados pela Rússia: a Salomé Zourabichvili (da Geórgia) e a Maia Sandu (da Moldávia). E ser recebido pelo Presidente Zelensky em Kiev, no terceiro aniversário da guerra.