O prémio deste ano, anunciado esta quarta-feira, distingue a criação de um novo espaço para a química. O Nobel é atribuído pela Academia Real Sueca de Ciências, na Suécia.

Os três laureados criaram construções moleculares com cavidades internas através das quais gases e outros compostos químicos podem fluir.


Estas construções, chamadas estruturas
metalorgânicas, permitem capturar dióxido de carbono, armazenar gases
tóxicos e recolher água do no deserto.


Uma nova arquitetura molecular




Nas estruturas que desenvolveram, iões metálicos funcionam como pilares interligados por moléculas orgânicas longas, organizadas em cristais com grandes cavidades internas. Esses espaços funcionam como “quartos de hotel”, explicou Heiner Linke, presidente do Comité.




“Uma pequena quantidade desse material pode ser quase como a mala da Hermione em Harry Potter. Pode armazenar enormes quantidades de gás num volume minúsculo”
, acrescentou Heiner Linke.


Segundo descreveu o Comité, as moléculas “têm um enorme potencial, trazendo oportunidades antes imprevistas para materiais personalizados com novas funções.”

As origens da descobertaTudo começou em 1989, quando Richard Robson testou novas formas de combinar iões de cobre com moléculas de quatro braços, cada um terminando num grupo químico que se ligava naturalmente aos iões metálicos.

Mais tarde, Susumu Kitagawa e Omar M. Yaghi aprofundaram o estudo dessas ligações, refinando os processos de síntese e demonstrando a aplicabilidade das estruturas em contextos ambientais e industriais.

O legado químico do NobelA química foi a ciência mais importante para o próprio Alfred Nobel, o inventor da dinamite. As suas invenções foram baseadas no conhecimento químico, razão pela qual Nobel incluiu esta disciplina como a segunda área premiada no seu testamento.

Desde 1901, o Prémio Nobel da Química já foi atribuído 117 vezes, distinguindo 198 laureados.

Apesar de, por vezes, ser ofuscado pelos prémios mais mediáticos como os da Paz, Literatura ou Física, o Nobel da Química tem reconhecido descobertas que mudaram o mundo, desde a fissão nuclear, às técnicas de sequenciamento de ADN e ao processo de levedura.Em 2024, o galardão foi entregue aos cientistas David Baker, John Jumper e Demis Hassabis pelos avanços na descodificação da estrutura das proteínas, impulsionando áreas como o desenvolvimento de medicamentos.

O Prémio Nobel da Química de 2025 celebra uma nova era da ciência dos materiais uma em que a manipulação das ligações atómicas poderá ajudar a resolver alguns dos maiores desafios ambientais e tecnológicos do século XXI.