Joe / Pixabay

Afinal o dinheiro nasce mesmo nas árvores. Não em forma de moedas, mas em pequenas pepitas de ouro. Se vir um abeto-vermelho, olhe duas vezes — procure detalhes reluzentes.

Já dizia José Saramago: se puderes olhar, vê, se puderes ver, repara. Uma equipa de cientistas acaba de descobrir minúsculas partículas de ouro em abertos-vermelhos (Picea abies).

Tudo graças a microrganismos simbióticos que alteram a química dentro das folhas e agulhas.

“Os nossos resultados sugerem que as bactérias e outros microrganismos que vivem dentro das plantas podem influenciar a acumulação de ouro nas árvores”, explica a investigadora Kaisa Lehosmaa, da Universidade de Oulu, na Finlândia, à Earth.

No novo estudo, publicado na Environmental Microbiome, os cientistas conseguiram ligar bactérias que vivem dentro das agulhas deste tipo de árvore à formação de nanopartículas de ouro.

“Métodos biogeoquímicos já são usados na prospeção mineral, mas esta nova investigação aprofunda a nossa compreensão do que realmente acontece no processo”, explica a professora Maarit Middleton, do GTK.

A equipa recolheu 138 amostras de agulhas de 23 abetos-vermelhos e dividiu-as em dois tipos de análise.

Um grupo procurou nanopartículas de ouro com microscopia eletrónica de varrimento de emissão de campo combinada com espetroscopia de raios X de energia dispersiva. E o resultado foi surpreendente: Em quatro árvores, foram encontradas nanopartículas de ouro no interior das agulhas.

Nem todas as árvores continham nanopartículas de ouro, o que faz sentido. As árvores usam diferentes vias de água, e os seus microbiomas podem variar até de ramo para ramo.

As agulhas com mais ouro tendiam a hospedar menos tipos de bactérias, mas as comunidades em geral não se dividiam em dois grupos distintos. Certos grupos “indicadores” eram mais comuns no ambiente tocado pelo ouro.

“O nosso estudo fornece provas preliminares de como o ouro se move pelos caules das plantas e como as nanopartículas se formam dentro das agulhas”, afirma Lehosmaa.

“No solo, o ouro encontra-se numa forma líquida e solúvel. Transportado pela água, chega às agulhas do abeto, onde os micróbios o precipitam novamente em partículas sólidas de tamanho nanométrico”, conclui a investigadora.


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