Arquivo Pessoal / DivulgaçãoClaudia é mãe de duas meninas, Luisa, de 23 anos, e Marina, de 17.Arquivo Pessoal / Divulgação

Transformar a dor em palavra e a angústia em aprendizado: foi assim que a professora e servidora pública de Passo Fundo, Claudia Goelzer, encontrou na escrita uma forma de acalanto para reconstruir sua história e inspirar outras

Depois de um longo período convivendo com a rotina hospitalar ao lado da filha Marina, diagnosticada com acondroplasia — um tipo de nanismo —, a autora lança o livro A vida é uma caixinha de surpresas (Méritos, 159 páginas). 

O evento de lançamento acontece nesta quinta-feira (8), às 19h, no restaurante Quinta do Conde, e marca o início de um novo capítulo para a professora, que transforma em literatura a jornada de superação vivida por sua família.

— Quando recebi o diagnóstico da Marina, minha segunda filha, foi um grande desafio. Nós tivemos que nos reinventar como pais e como família. Ao longo do desenvolvimento dela, fomos abrindo várias “caixinhas” com diagnósticos distintos, e cada um deles trazia uma surpresa diferente. Diante de tantos desafios, pensei em escrever como forma de desabafo sobre o que eu sentia — disse.

Mãe de duas meninas — Luísa, 23, e Marina, 17 — Claudia descreve o nascimento da segunda filha como um divisor de águas em sua vida.

— Eu sou uma Claudia antes da Marina nascer e outra depois — resume. 

O diagnóstico de acondroplasia chegou de forma inesperada e abalou a família, que precisou aprender a lidar com um universo até então desconhecido.

Sentimos amor, impotência e até luto. Nós não estamos prontos para viver o desconhecido e também tínhamos muito medo do preconceito. Aos poucos, fomos procurando saber sobre o assunto, principalmente nos cercando de uma equipe médica de confiança — explicou.

Escrever para curar

A iniciativa de transformar a experiência em livro surgiu ainda em 2018, durante um dos períodos mais complexos vividos pela autora. Naquele ano, a filha, Marina, passou por uma série de complicações cirúrgicas, com quatro procedimentos em cerca de 50 dias, em decorrência de fístulas liquóricas recorrentes.

— Passei muito tempo dentro do hospital e, em meio a tudo isso, senti que precisava escrever para desabafar. Eu não podia conversar sobre tudo com meu marido, porque precisava ser forte por ele, e ele por mim. A escrita se tornou o meu refúgio, minha terapia — diz.

Por muito tempo, o material escrito por Claudia ficou guardado. Foi somente em 2023 que a professora retomou o projeto com a intenção real de publicá-lo. A autora ressalta que A vida é uma caixinha de surpresas não é um livro de autoajuda, mas um relato real sobre uma jornada de amor e aprendizado

— É uma história que mostra que todos nós, em algum momento, abrimos caixinhas, sejam boas ou nem tanto, e que precisamos aprender a lidar com o que encontramos dentro delas — conta, emocionada.

O lançamento do livro, por sua vez, representa algo para além da realização de um sonho, mas um marco da trajetória de sua maternidade.

— Espero que, ao lerem essa história, as pessoas sintam que não estão sozinhas, mas que possam tirar o melhor de si diante dos obstáculos e que as pedras sejam um trampolim para seguir em frente com leveza.

🤳 Para ler mais sobre o que acontece na região, entre no canal de GZH Passo Fundo no WhatsApp e receba as principais informações do dia. Clique aqui e acesse.