Em 2024, Rie Qudan ganhou o prémio Akutagawa pela sua primeira obra publicada. A distinção era um patamar quase obrigatório para qualquer jovem escritor que aspirasse a uma carreira fora do Japão, e dois anos antes Rie tinha concorrido e falhado o prémio com outro romance. Por esta razão, aos 34 anos, a autora sentiu-se “libertada”: “Sympathy Tower Tokyo” tinha superado a prova. O livro, traduzido para o inglês com este título em agosto, contava a história de uma arquiteta a quem encomendam a construção de um edifício destinado a albergar criminosos. Vítima ela própria de violência, reflete sobre se a atitude pública a respeito destes condenados deve ser a da empatia, empreendendo uma crítica (satírica) da própria sociedade japonesa — Rie admitiu basear-se no assassínio do primeiro-ministro Shinzo Abe, em 2022, e na circunstância de o atirador, por motivos vários, ter sido olhado com alguma benevolência pela opinião pública. No livro, os residentes são submetidos a um “teste de simpatia” que foca, por exemplo, traumas familiares, para determinar se são ou não merecedores de compaixão e, portanto, de ocupar um lugar na ‘prisão de luxo’, cabendo à inteligência artificial (IA) dar a última palavra.

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