As violações do espaço aéreo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), por via de drones, atingiram uma escala sem precedentes nas últimas semanas. Alguns responsáveis europeus, que atribuem algumas delas à Rússia, descrevem os incidentes como um teste de Moscovo à resposta da organização e levantam questões sobre a preparação dos vários países.
Os conflitos armados recentes têm mostrado ao mundo aquilo que tem sido descrito como uma guerra híbrida, que se faz para lá dos campos de batalha.
A par disso, tem sido conhecido o poder dos drones, que entregam uma capacidade de ataque e defesa sem precedentes às partes que os possuem mais avançados.
A 10 de setembro, um conjunto de drones russos invadiu o espaço aéreo da Polónia, obrigando os aviões da NATO a intercetá-los e até abater alguns.
Este foi o primeiro encontro direto entre a NATO e Moscovo desde que a Rússia espoletou a guerra contra a Ucrânia, no dia 24 de fevereiro de 2022.
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Conforme a cronologia estabelecida pela Associated Press, apenas dias depois, jatos da NATO escoltaram três caças russos para fora do espaço aéreo da Estónia.
Desde então, ocorreram sobrevoos perto de aeroportos, instalações militares e infraestruturas críticas, entre outros locais, noutras partes do continente europeu.
Neste contexto, ministros da Defesa europeus concordaram em desenvolver uma “barreira de drones” ao longo das suas fronteiras para melhor detetar, rastrear e intercetar drones que violam o espaço aéreo.
Embora a Rússia tenha sido responsabilizada por algumas das violações, nega tê-lo feito de ou com algum propósito.
Cronologia de drones no espaço aéreo europeu
O aeroporto de Munique, na Alemanha, reabriu na manhã de sábado, após as autoridades o terem fechado na noite anterior pela segunda vez em menos de 24 horas, após mais dois avistamentos de drones.
Esperava-se que os atrasos continuassem ao longo do dia de sábado e pelo menos 6500 passageiros foram afetados pelo encerramento durante a noite.
Na Dinamarca, por sua vez, drones sobrevoaram o aeroporto de Copenhaga, no dia 22 de setembro, causando uma grande perturbação no tráfego aéreo de e para o maior aeroporto da Escandinávia.
Os drones sobrevoaram ainda quatro aeroportos dinamarqueses menores, entre 24 e 25 de setembro, incluindo dois que servem como bases militares.
No mesmo período, vários meios de comunicação dinamarqueses relataram que um ou mais drones foram vistos perto ou acima da Base Aérea de Karup, que é a maior base militar da Dinamarca.
Entretanto, houve, também, um relato de avistamento de um drone na mesma noite no aeroporto de Oslo, na Noruega, forçando todo o tráfego a uma única pista. As autoridades estavam a investigar se havia uma ligação entre os dois grandes aeroportos.
Na Alemanha, as autoridades estão a investigar alegações de que drones não identificados podem ter espiado infraestruturas críticas no estado de Schleswig-Holstein, no norte do país.
No dia 25 de setembro, uma reportagem da Der Spiegel deu conta de que vários drones tinham sido avistados sobre uma central elétrica na capital do estado, Kiel, bem como perto de um hospital universitário e de um estaleiro naval na cidade portuária.
Mais tarde, uma “formação combinada de drones” foi observada sobre o hospital universitário e uma central elétrica, e outros avistamentos de drones foram relatados sobre edifícios governamentais e a refinaria de petróleo Heide na área.
Por fim, outros drones suspeitos foram avistados sobre uma base militar em Sanitz, no estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, a leste.
Neste contexto, enquanto as autoridades europeias procuram desenvolver uma estratégia relativamente aos crescentes avistamentos de drones, os países esforçam-se para descobrir como podem reagir, também, ao seu aparecimento.
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