Ao cabo de 11 dias de incessantes deslocações de norte a sul, o primeiro-ministro ruma à sua cidade natal, Espinho. Isto depois de escalas no Mercado do Bolhão, no Porto, em Vila Nova de Gaia e em Aveiro. O comício final está agendado para as 20h00.
Na quinta-feira, dia marcado pela apresentação da proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano, Luís Montenegro levou o documento para a campanha, em Sintra, sustentando que está em causa “um enorme esforço de justiça social”.
“Hoje demos cumprimento, mais uma vez, ao nosso compromisso de descer os impostos sobre o rendimento do trabalho, sobre o IRS, de toda a gente, mas em particular da classe média”, reivindicou.Nestas autárquicas, o eleitorado vai definir a distribuição de poder em 308 câmaras municipais, 308 assembleias municipais e 3.221 assembleias de freguesia. Trinta e sete freguesias decidem em plenários de cidadãos por terem menos de 150 eleitores.
Sintra é precisamente, esta sexta-feira, a primeira escala do líder do PS, que apontará ainda à Gare do Oriente para a assinatura do Compromisso Autárquico dos Candidatos à Área Metropolitana de Lisboa. Mais tarde, a caravana socialista passa, a norte, por Gondomar, Valongo, Vila Nova de Gaia e, finalmente, no Porto.
Também José Luís Carneiro falou do Orçamento na véspera, em Braga, garantido que irá “contribuir para a estabilidade política”, como prescreveu, de resto, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. O secretário-geral socialista carregou na ideia de um aumento das pensões mais baixas “de forma duradoura e estrutural”.
“Nós vamos cumprir a nossa palavra, a palavra que nos foi solicitada por parte das cidadãs e dos cidadãos nas eleições há três meses. Nós vamos contribuir para a estabilidade política do nosso país, porque é isso que as pessoas querem, é que sejamos capazes de contribuir para a estabilidade política”, enumerou.
André Ventura culminará a campanha do Chega no Minho – após uma arruada em Braga e uma passagem por Vila Verde, subirá ao púlpito de um comício de fecho no Santoinho, em Viana do Castelo.
O número um do Chega prometeu na quinta-feira confrontar o Governo com o caso dos migrantes marroquinos que saíram da Pousada de Juventude de São Pedro do Sul, onde se encontravam sob a tutela da Segurança Social.
“O Governo tem que perceber quando é demais e tem que fazer alguma coisa para evitar que situações destas se repitam”, afirmou o líder do partido de extrema-direita em Vila Real.
Quanto ao Orçamento do Estado, Ventura disse ser prematuro acenar com o sentido de voto do Chega, capítulo que se encontra ainda “muito longe”.O líder do CDS-PP e ministro da Defesa, Nuno Melo, escolheu os Açores para o último dia da campanha eleitoral. O destino é Velas, em São Jorge.
Mariana Leitão, presidente da Iniciativa Liberal, concluirá a campanha em Matosinhos, isto depois de escalas no Marcado de Guimarães, em Santa Maria da Feira e Aveiro.
A líder dos liberais acusou na última noite o Executivo de impulsionar, de forma repetida e sem justificação, a despesa do Estado no âmbito orçamental – em dez mil milhões de euros anuais.
“A Iniciativa Liberal, que propunha medidas com um impacto fiscal ao nível dos dois mil milhões por ano, é que era radical?”, perguntou durante um discurso de campanha.
“Radical é aumentar brutalmente a despesa todos os anos sem nunca conseguir justificar de onde é que ela vem. Continua-se sem se conseguir resolver redundâncias na despesa pública, sem reduzir atos administrativos inúteis, sem reduzir o papel pelo papel, sem reconsiderar as funções que o Estado deve reduzir e as que deve manter”, reiterou.
À esquerda
O Livre escolheu igualmente o norte do país para encerrar o périplo autárquico, designadamente Gondomar. Os porta-vozes do partido Rui Tavares e Isabel Mendes Lopes, juntam-se, antes, a José Luís Carneiro em Sintra e em Lisboa, onde andarão também ao lado de Inês Sousa Real, dirigente do PAN.
Em matéria de Orçamento do Estado, Rui Tavares estimou, na quinta-feira, que o Executivo de PSD e CDS-PP dá mostras de pretender despolitizar a proposta para o próximo ano, tornando-a menos ambiciosa.
“Acho que Miranda Sarmento está a proceder a uma operação de despolitização do Orçamento, como se o Orçamento pudesse ser uma coisa inteiramente técnica e como se isso fosse uma coisa boa”, reprovou.
Já Inês Sousa Real, a porta-voz do Pessoas-Animais-Natureza, considerou “lamentável” a decisão, por parte do Governo, de antecipar a entrega da proposta de Orçamento do Estado ao Parlamento: “Achamos lamentável esta antecipação, porque se de alguma forma havia o compromisso e um calendário que já estava estabelecido o Orçamento do Estado não pode servir como arma de propaganda eleitoral”.Concorrem às autárquicas mais de 800 grupos de cidadãos e forças políticas. Estão em jogo 12.860 listas, segundo números provisórios da Comissão Nacional de Eleições.
CDU e Bloco de Esquerda fazem nas próximas horas um trajeto inverso. O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, tem por diante uma passagem pela Moita e uma arruada em Lisboa, antes de encerrar a campanha num comício em Évora. A coordenadora bloquista, Mariana Mortágua, vai do Porto à Amadora.
Raimundo considerou expectável, na quinta-feira, que o Chega acabe por viabilizar a proposta de Orçamento do Estado, uma vez que este “dá recursos públicos” a quem financia o partido de Ventura.
“Eu percebo bem porque é que o Chega está perfeitamente de acordo com este Orçamento, porque ele vai dar recursos públicos àqueles que financiam o Chega, os grandes grupos económicos. O que me custa acreditar é como é que o PS se deixa levar por esta conversa”, apontou a partir de Setúbal.
Mariana Mortágua acusou, por sua vez, o Governo de ter desenhado uma proposta de Orçamento eivada de “desigualdade fiscal” e benéfica, “por duas vias”, para a banca.
“A banca vai ser beneficiada neste Orçamento do Estado por duas vias. Vai descer o IRC, que é o imposto que a banca paga sobre os lucros, e vai deixar de pagar o adicional de solidariedade”, afirmou a dirigente do BE em Barcelos, onde associou ainda a escolha do momento da apresentação do documento com a publicação de notícias sobre a Spinumviva, empresa da família do primeiro-ministro.
c/ Lusa