Portugal prepara-se para aquele que poderá ser o último fim de semana de calor do ano, com temperaturas muito acima da média e céu geralmente limpo. Apesar da estabilidade, há risco de trovoadas localizadas no domingo. O anticiclone que tem dominado o tempo começa a dar sinais de enfraquecimento.

Hélder Lopes Hélder Lopes 10/10/2025 08:03 6 min

O verão parece resistir, pelo menos por mais alguns dias. As previsões meteorológicas indicam que o próximo fim de semana, 11 e 12 de outubro de 2025, será marcado por temperaturas anormalmente elevadas para a época, céu limpo e um ambiente mais próprio de agosto do que de pleno outono. O cenário mantém-se sob a influência de um anticiclone robusto centrado sobre o Reino Unido, que continua a impor estabilidade e a impedir a chegada de frentes atlânticas a Portugal Continental. Ainda assim, começam a surgir sinais de mudança, com possibilidade de instabilidade atmosférica e ocorrência de algumas trovoadas, sobretudo no domingo.

A entrada no fim de semana pode ser pautada por temperaturas particularmente elevadas

Os últimos dias já tinham deixado antever esta persistência do tempo seco e quente, com neblinas matinais em vales e zonas húmidas, especialmente ao longo do litoral e nas planícies do Tejo e Alentejo. No entanto, a entrada de ar quente e seco de leste vai intensificar-se durante o fim de semana, elevando as temperaturas a valores excecionalmente altos para outubro. Em muitos locais do interior e mesmo junto à faixa costeira, as máximas deverão situar-se entre 20 e 30 °C, enquanto as mínimas poderão não descer abaixo dos 20 °C em algumas localidades.

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No sábado, 11 de outubro, o tempo será, de forma geral, estável e soalheiro. O céu deverá apresentar-se pouco nublado ou limpo em praticamente todo o território continental, com algum aumento de nebulosidade durante a tarde nas regiões do interior norte e centro, onde poderão formar-se nuvens de desenvolvimento vertical associadas a instabilidade local. A probabilidade de ocorrência de aguaceiros ou trovoadas é baixa, mas não completamente nula, podendo verificar-se fenómenos muito localizados em áreas montanhosas.

Rajadas de vento até 50 km/h na região centro de Portugal ContinentalO vento soprará de leste, com rajadas que se aproximarão dos 50 km/h nas terras altas do centro do país no sábado de manhã.

O vento soprará de leste, em geral fraco a moderado, com rajadas que poderão atingir os 50 km/h nas terras altas do centro do país. A humidade relativa do ar será baixa, inferior a 20% durante a tarde em vários pontos do território, o que, associado às altas temperaturas e à vegetação seca, aumentará significativamente o risco de incêndio.

Domingo pode marcar os primeiros sinais da instabilidade atmosférica

No domingo, 12 de outubro, o cenário repete-se em grande parte do país, mas com um ligeiro aumento da instabilidade atmosférica. O céu continuará geralmente limpo, embora se preveja maior nebulosidade durante a tarde, em particular nas regiões do centro, onde há possibilidade de aguaceiros e trovoadas isoladas. O vento manter-se-á de leste, com a mesma intensidade, e as temperaturas continuarão muito elevadas para esta altura do ano, entre 22 e 29 °C nas máximas e 12 a 21 °C nas mínimas. Tal como no dia anterior, o risco de incêndio permanecerá muito elevado, e a radiação ultravioleta será forte, com índice de 5.

Temperaturas permanecem elevadas no domingo, podendo depois reduzir no início da semana.No domingo, 12 de outubro, as temperaturas ainda permanecem elevadas, com máximas entre os 22 ºC na Guarda e os 30 ºC em Mértola.

Apesar da persistência do tempo seco e quente, a atmosfera começa a mostrar sinais de mudança. O modelo europeu ECMWF aponta para uma transição nos regimes meteorológicos, com possível deslocação do anticiclone e enfraquecimento do padrão de bloqueio que tem caracterizado o início do outono. Esta alteração poderá abrir caminho a maior variabilidade atmosférica e ao regresso da chuva depois de meados do mês.

A evolução futura dependerá também da trajetória e intensidade do ciclone tropical Jerry, atualmente no Atlântico. Ao contrário de Gabrielle, que afetou diretamente os Açores em setembro, Jerry apresenta menor consenso entre os modelos e parece ter força inferior. Ainda assim, a sua interação com o campo de pressão no Atlântico Norte poderá alterar temporariamente a posição do anticiclone, permitindo a entrada de frentes e precipitação em Portugal Continental.

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Sublinha-se, contudo, que as previsões a mais de uma semana ainda comportam grande incerteza. O mais provável é que este seja o último fim de semana de “verão” do ano, com temperaturas cerca de 10°C acima da média e uma atmosfera ainda dominada pela estabilidade e pelo calor. Depois, tudo indica que o outono poderá finalmente impor-se, trazendo a tão aguardada chuva e o ar fresco que têm faltado desde setembro. Até lá, quem gosta de sol e calor deverá aproveitar estes dias, que prometem ser os últimos suspiros do verão em 2025.