“A destituição da presidente foi aprovada”, anunciou o presidente do parlamento do Peru, José Jerí, no final de uma sessão à qual Dina Boluarte não compareceu, apesar de ter sido convocada.
Será agora o presidente do parlamento a assumir o poder interinamente até às eleições gerais de abril de 2026.
Várias pessoas celebraram a decisão à frente ao parlamento, agitando bandeiras peruanas e empunhando cartazes com slogans contra a líder de 63 anos. Destituída, Dina Boluarte perde a imunidade e fica agora exposta a possíveis processos judiciais que podem conduzi-la à prisão.
Foto: Jorge CERDAN / AFP
As principais forças políticas apresentaram na quinta-feira cinco moções de destituição e a análise de quatro delas foi aprovada durante a noite por maioria. As moções invocam uma “incapacidade moral permanente” da dirigente para exercer as funções de liderança, de acordo com os documentos lidos na abertura da sessão parlamentar.
Dina Boluarte já foi alvo de várias tentativas de destituição, sem que nenhuma delas tenha sido bem-sucedida. Desta vez, o processo foi aprovado, com os partidos de direita e extrema-direita que a apoiavam até agora a recuarem.
O Peru atravessa o pior período de instabilidade política da história recente, com seis presidentes em quase nove anos. Chegada ao poder após a destituição do presidente Pedro Castillo, num contexto de manifestações violentamente reprimidas que causaram pelo menos 50 mortos, Dina Boluarte enfrenta uma impopularidade recorde.
O mandato ficou também manchado por vários escândalos, incluindo o “Rolexgate”, relativo a relógios e joias de luxo que a líder não teria declarado, e uma rinoplastia realizada em julho de 2023, mantida em segredo, quando a lei a obriga a informar o órgão legislativo.
Nas últimas semanas, os protestos contra o Governo multiplicaram-se em Lima, face a uma onda de extorsões e assassinatos atribuídos ao crime organizado.