As Forças Armadas de Israel declararam que o cessar-fogo na Faixa de Gaza começou esta sexta-feira ao meio-dia, hora local, 10h em Portugal continental.

Ao mesmo tempo que os soldados se movimentavam para a linha acordada, famílias palestinianas começavam a sua caminhada de regresso a casa, ou às ruínas do local onde antes era a sua casa, num grande movimento do Sul para o Norte do território.

A Al-Jazeera relatava que de madrugada houve “grande actividade de drones, caças e até navios de guerra”, e “uma série de ataques em locais onde pessoas se juntavam para voltar para casa”. Não é raro haver ataques nas primeiras horas de um cessar-fogo e os soldados têm ainda, como sublinhou o Exército na sua declaração, o poder de “remover qualquer ameaça imediata”.

A partir do momento em que o Exército declarou o seu recuo, começou a contagem para as 72h que o Hamas tem para libertar todos os reféns, vivos ou mortos, e Israel libertar mais de 2000 palestinianos, incluindo 250 que foram condenados a penas de prisão perpétua (que irão, segundo o site do Yediot Ahronot, ficar sujeitos a uma proibição permanente de regressar à Cisjordânia ou a Israel, podendo optar por ir viver para Gaza ou para um país estrangeiro). Não era claro, ainda, se Marwan Barghouti, da Fatah, figura extremamente popular entre os palestinianos, seria libertado.

O Hamas poderá ter dificuldade em localizar os corpos dos reféns mortos, que poderão ser 28 entre o total de 48.

Quando estiver concluída esta fase, poderão entrar camiões de ajuda em Gaza e serão levantadas as restrições em vigor à mobilidade dos palestinianos através de Rafah, de saída ou entrada no Egipto, embora não seja claro se iriam regressar ao normal antes da guerra, com o bloqueio a que o território esteve sujeito a implicar poucas autorizações que, muitas vezes, pareciam dadas de modo aleatório.

A ONU diz que tem camiões prontos a entrar e um plano para 60 dias que pode ser posto em prática mal tenha acesso.

“Desapareceu tudo”

À medida que regressavam a algumas zonas da Cidade de Gaza atingidas na derradeira fase da intervenção militar de Israel, habitantes recebiam o choque da destruição ou corriam para ajudar socorristas ainda a retirar pessoas de escombros: esta sexta-feira foram retirados oito corpos, segundo a defesa civil de Gaza. Estima-se que haja 10 mil mortos sob pelo menos 53,5 milhões de toneladas de escombros, resultado de dois anos de ataques de Israel, um dos desafios do pós-guerra.

“Desapareceu tudo”, disse um residente ao filmar um bairro reduzido a um monte de escombros, citado pela BBC. Há cerca de 700 mil pessoas da Cidade de Gaza e do Norte do enclave à espera de poderem regressar.