O Comité Norueguês do Nobel anunciou que o prémio foi concedido a Maria Corina Machado “pelo seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos para o povo da Venezuela e pela sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia”.
BREAKING NEWS
The Norwegian Nobel Committee has decided to award the 2025 #NobelPeacePrize to Maria Corina Machado for her tireless work promoting democratic rights for the people of Venezuela and for her struggle to achieve a just and peaceful transition from dictatorship to… pic.twitter.com/Zgth8KNJk9
— The Nobel Prize (@NobelPrize) October 10, 2025
“Enquanto líder do movimento pela democracia na Venezuela, Maria Corina Machado é um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina nos últimos tempos”, afirmou o presidente do Comité, Jørgen Watne Frydnes, em Oslo.
“Quando os autoritários tomam o poder, é crucial reconhecer os corajosos defensores da liberdade que se levantam e resistem”, acrescentou.
In the past year, #NobelPeacePrize laureate Maria Corina Machado has been forced to live in hiding. Despite serious threats against her life she has remained in the country, a choice that has inspired millions of people.When authoritarians seize power, it is crucial to… pic.twitter.com/GA3C7asz4Y
— The Nobel Prize (@NobelPrize) October 10, 2025
“A democracia depende de pessoas que se recusam a permanecer em silêncio, que arriscam dar um passo em frente apesar dos graves riscos e que nos recordam que a liberdade nunca deve ser tomada como garantida, mas deve ser sempre defendida – com palavras, coragem e determinação”, destacou o Comité.
“Oh meu Deus… não tenho palavras”
Kristian Berg Harpviken, diretor do Instituto Norueguês do Nobel, partilhou a notícia diretamente com Corina Machado antes de o prémio ser anunciado publicamente.
“Oh meu Deus… não tenho palavras”, reagiu a opositora Venezuela durante o telefonema, que foi partilhado nas redes sociais do Comité.
“Oh my god… I have no words.”Listen to the emotional moment this year’s laureate Maria Corina Machado finds out she has been awarded the Nobel Peace Prize.
Kristian Berg Harpviken, Director of the Norwegian Nobel Institute, shared the news with her directly before it was… pic.twitter.com/OCUpNz752k
— The Nobel Prize (@NobelPrize) October 10, 2025
“Muito obrigada, mas eu espero que perceba que isto é um movimento, eu sou só uma pessoa. Eu certamente não mereço isto”, disse Machado. “Acho que tanto o movimento como a Corina merecem isto”, respondeu Harpviken.
“Estou honrada e muito agradecida”, disse a opositora venezuelana.
Num vídeo divulgado nas redes sociais por Edmundo González Urrutia, candidato da oposição venezuela nas últimas eleições, Maria Corina Machado disse estar “em choque” com a notícia do prémio.
“Estou em choque! O que é isto? Não acredito”, ouve-se Machado dizer, numa chamada telefónica com Urrutia.
¡Nuestra querida Maria Corina Machado, galardonada con el Premio Nobel de la Paz 2025! Merecidísimo reconocimiento a la larga lucha de una mujer y de todo un pueblo por nuestra libertad y democracia. ¡La primer Nobel de Venezuela! ¡Enhorabuena @mariacorinaya, Venezuela será… pic.twitter.com/jpmrUEujtL
— Edmundo González (@EdmundoGU) October 10, 2025
O gabinete de direitos humanos das Nações Unidas felicitou a vencedora do Prémio Nobel da Paz, afirmando que reflete as aspirações dos venezuelanos por eleições livres.
“Este reconhecimento reflete as claras aspirações do povo da Venezuela por eleições livres e justas, por direitos civis e políticos e pelo Estado de direito”, disse a porta-voz do ACNUDH, Thameen al-Kheetan.
A lusodescendente tornou-se o símbolo da resistência a Nícolás Maduro na Venezuela e tem sido alvo de perseguição política, processos e ameaças por parte do regime.
Machado era candidata presidencial da oposição nas eleições de 2024, mas o regime de Maduro impediu-a de concorrer. A lusodescendente transferiu, por isso, o apoiou ao candidato da oposição Edmundo González Urrutia. A viver na clandestinidade desde as eleições de 28 de julho de 2024, Corina Machado foi detida depois de ter aparecido numa manifestação contra o regime, na véspera da tomada de posse de Nicolás Maduro, a 10 de janeiro.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, foi proclamado vencedor das presidenciais pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), considerado sob controlo do poder. No entanto, o CNE nunca divulgou as atas eleitorais das assembleias de voto, afirmando ter sido vítima de um ataque informático.
Por sua vez, a oposição divulgou as atas eleitorais fornecidas pelos seus escrutinadores e garante que o seu candidato, Edmundo González Urrutia, obteve a maioria dos votos. González Urrutia ganhou o apoio de governos de todo o mundo, nomeadamente dos EUA, que consideram-no o presidente eleito na Venezuela. Em dezembro último, Corina Machado recebeu o Prémio Sakharov e deu uma entrevista à RTP, na qual denunciou que o regime venezuelano “nunca esteve tão frágil”. A líder da oposição venezuelana pediu também mais apoio ao Governo português.
O Prémio Nobel da Paz, avaliado em 11 milhões de coroas suecas, será entregue em Oslo a 10 de dezembro, data do aniversário da morte do industrial sueco Alfred Nobel, que fundou o prémio no seu testamento de 1895. O presidente do Comité disse, no entanto, que não têm certezas sobre se Corina Machado irá comparecer à cerimónia, uma vez que se encontra a viver escondida na Venezuela.
“É uma questão de segurança. É muito cedo para dizer. Sempre esperamos ter o laureado conosco em Oslo, mas esta é uma situação de segurança séria que precisa de ser resolvida primeiro”, disse Frydnes.