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Num mundo da comunicação e informação política cada vez mais direcionado para as redes sociais, a expressão material das campanhas políticas ainda se manifesta nas ruas, reproduzindo caras de candidatos e promessas dirigidas ao eleitorado.

Nas vésperas das eleições autárquicas, o 24notícias foi à procura de peças de marketing político. Viu cartazes pendurados em viadutos, pontes, postes e semáforos, placards plantados em estradas e ruas, fixos à entrada e saída das localidades, dentro e fora, em retas, esquinas e rotundas de aldeias, vilas e cidades do território nacional.

Em três dias, atravessámos os 18 distritos de Portugal, fomos às suas capitais testemunhar a peugada dos outdoors no retângulo lusitano. O Rio Tejo serviu de fronteira nas duas primeiras etapas, da planície à montanha, e dividimos o Centro-Sul do Norte. Por último, o litoral, Santarém, Leiria e Setúbal e um contrarrelógio em Lisboa.

Na Volta a Portugal autárquico em automóvel (não levantámos voo até às Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira), os destinos até às cidades foram traçados à partida. “Câmara Municipal…” datilografado no Waze, amparado pelo olhar nas placas. Entrámos em cada urbe com destino aos Paços do Concelho, lugar onde todos os candidatos se querem sentar a partir de 13 de outubro.

Por essa razão, não foi um mapeamento exaustivo. Foi sim, o que foi possível ver da janela do carro, sobre quem e quais as mensagens de apelo ao voto.

Para os mais curiosos, os gastos de campanha das diversas forças políticas e movimentos independentes candidatos às eleições autárquicas de 12 de outubro de 2025 podem ser escrutinados minuciosamente na publicação do Tribunal de Contas.

Ventura em todo o país. Joana Amaral Dias e o prólogo das presidenciais

Nas viagens na minha terra, o 24notícias não se cingiu ao troço entre Lisboa e Santarém. Foi bem mais longe no raio-x ao país real.

Pelos caminhos autárquicos de Portugal, algo bem mensurável na paisagem salta à vista. O Chega, segunda força política nas eleições legislativas, está em todo o lado. Está o partido e está o rosto do líder, um partido unipessoal que se confunde com o seu presidente, André Ventura, e este com a força política e partidária.

Ventura e os candidatos estão em cada esquina. Em muitos casos, em presença superior aos outros dois grandes da política nacional, Partido Social Democrata (PPP-PSD) e Partido Socialista (PS), surjam estes em coligação ou de rosto único.

No ataque aos 308 concelhos, 18 distritos, Açores e Madeira, o Chega, sem coligações, produziu um cartaz único. Monocromático, fundo branco, a obrigatória fotografia de meio corpo de André Ventura, de fato e gravata, sorridente e de braços cruzados, ladeado pelo candidato local, igualmente aprumado. Um cuidado e uma formalidade na indumentária sem correspondência nas restantes forças autárquicas.

O Chega e Ventura dão, quase sempre, as boas-vindas, nas rotundas, à entrada das cidades. Deixam o recado: apesar de ser uma eleição onde o local tende a superiorizar-se ao nacional, líder e partido nacionalizam a campanha e as eleições.

Foram ao parlamento recrutar candidatos. Das seis dezenas de deputados do Chega, 44 apresentam-se a escrutínio às câmaras, 15 fazem-no às assembleias municipais.

Uns, ilustres desconhecidos dos eleitores locais; outros, nomes bem conhecidos. Um roadshow de deputados que aproveita a tração mediática gerada na arena política nacional, como Pedro Pinto (Faro), Pedro Frazão (Oeiras) ou Rita Matias (Sintra).

Quase sempre uma palavra, forte, acompanha o cartaz da dupla: limpar, defender, salvar, slogans políticos de fácil absorção, escoltam a referência à cidade.

“O líder do partido (Chega) está sempre presente, usa verbos no infinitivo, frases curtas, é o mesmo padrão, a mesma grelha. Basicamente, muda o verbo e o candidato ao lado de André Ventura”, explica ao 24notícias José Pedro Mozos, diretor de Assuntos Públicos na agência ALL Comunicação, numa primeira leitura de marketing político, análise desenvolvida numa conversa pós Volta a Portugal.

A repetição encontra eco, decibéis abaixo, na CDU. Uma provável poupança de gastos leva-os a simplificar nos acenos ao eleitor: “Vota CDU-PCP/PEV” e “CDU nas Autarquias conheces e confias”. Os cartazes sem rosto do candidato e nome do município foram nossos acompanhantes.

A ideia fertiliza ainda noutra força. “Em (nome da cidade) nada nos vai escapar” e “Portugal precisa do teu ADN”, convocatória feita pela A Alternativa Democrática Nacional (ADN), através do candidato local (Faro, Viana do Castelo, Lisboa, Viseu, Porto, Coimbra, Leiria, Setúbal, Braga e Funchal), acompanhados, por vezes, de Joana Amaral Dias, candidata às presidenciais e Bruno Fialho, líder partidário.

Alinhados, o Bloco de Esquerda usa “Pelas Pessoas” e “Esquerda” colada aos cartazes das duplas candidaturas autárquicas, presidência da edilidade e assembleia municipal.

Mas há mais, muito mais, nesta poluição visual, colorida. Num espaço ainda ocupado por vestígios das legislativas de 18 de maio, os candidatos partilham o pano com as juras de “futuro” e “mudança”, verbalizam querer “fazer” e “mudar” e prometem “habitação”, “transporte” e “saúde”, precedido do “mais”.

Dia 1: Castelo Branco, Portalegre, Évora, Beja e Faro (regresso a Lisboa)

Partamos para a viagem política, mas também turística e histórica. As ligações entre as cidades são realizadas por icónicas estradas, pertença da memória coletiva (N2, IP-2 e IP-1), que rasgam o país de norte a sul, pisos com pesado fardo (IP-3) e outros que deixaram de pesar nos bolsos de quem vive no interior, como a Via do Infante (A22) e autoestradas A24, A25, A4 e A23, ex-scuts, hoje gratuitas, ou autoestradas.

A epopeia começa bem cedo, de Lisboa, num domingo, pela A1, uma das mais antigas autoestradas nacionais (1961, finalizada em 1991) que liga a capital ao Porto.

A23 dita o primeiro desvio. Transformada em via sem custos para o utilizador, desde janeiro, os pórticos, outrora sinal de pagamento de taxas, são atualmente vestígios da reclamação autárquica em nome da coesão territorial, diminuição de assimetrias e desenvolvimento do interior do país.

Primeira paragem: Castelo Branco.

André Ventura e o Chega antecipam-se aos restantes cinco candidatos (igual número em Bragança, Santarém e Guarda) e dá as boas-vindas: “Salvar Castelo Branco”.

O atual presidente, Leopoldo Rodrigues (PS), mostra obra, a coligação PPD/PSD-CDS/PP utiliza o “Sempre por todos”, a Iniciativa Liberal promete “Acelerar” a cidade e a habitação e a CDU exibe um cartaz autárquico sem rosto e o “Vota CDU”, tática espalhada em vários pontos do país, dando a ideia de ter ido ao armazém recuperar peças de marketing das últimas eleições legislativas e outros atos eleitorais locais.

Apontamos a Sul, à capital do Alto Alentejo, pelo IP-2, prolongado troço do interior de união do norte ao sul. Portalegre é a capital de distrito que junta o menor número de candidaturas entre as 18. Cinco, no total.

O Chega (deputado João Lopes Aleixo) quer a localidade raiana “Maior”, a coligação PSD-CDS de Fermelinda Carvalho (recandidata) promete “boas mãos”, os socialistas (Francisco Silva) e a equipa dão asas à “Pela nossa terra” e os comunistas poupam a cara de Diogo Júlio Serra. Concorre ainda Ricardo Romão, do Movimento Candidatura Livre e Independente por Portalegre (CLIP), edil de 2013 a 2021.

Seguimos pelo interior alentejano no mesmo itinerário, IP-2, ligação Valença (Minho) a Castro Marim (Algarve), com destino a Évora. Na cidade-museu, Património Mundial da Unesco, apresentam-se às urnas um recorde de sete candidaturas: CDU, PS, PSD/CDS-PP/PPM, Chega, BE, IL e o Movimento Cuidar de Évora.

Carlos Pinto de Sá (CDU) atingiu o limite de mandatos e entregou o testemunho a João Oliveira. Mais do que palavras, a face do antigo deputado do PCP, eurodeputado e figura sobejamente conhecida, é a arma para perpetuar Évora no raio comunista.

Os socialistas, foram ao menu de ex-deputados na AR e da Europa e recrutaram o ex-governante Carlos Zorrinho. Sem surpresa, “Força para governar” é a frase do cartaz.

A terceira força mais votada em 2021, agora AD, aposta na força do nome político da coligação e aproveita nas promessas o embalo do apelido do candidato, Sim-Sim.

Pelo mesmo alcatrão, deslizamos até Beja, Baixo Alentejo. Na terra de um aeroporto (quase) sem aviões, o socialista Paulo Arsénio, presidente em exercício, promete um “novo ciclo, a mesma seriedade” no chamariz à inscrição da cruz no boletim de voto.

A coligação “Beja Consegue” (PPD/PSD, CDS-PP e IL), repete Nuno Palma Ferro numa autarquia que quer “Mudar”, o BE recicla a palavra “Esquerda”, usada em Évora, e não só. O partido de Ventura inova – “Lutar pelo que é nosso” -, sem incluir a cidade nas parangonas. Vítor Picado, CDU entra em “Ação para avançar” e recuperar um antigo bastião, onde liderou entre 1976 – 2009 e, posteriormente, entre 2013 e 2017.

Do Itinerário Principal 2 descemos um número, para IP-1. Desaguamos na A2, acedemos à A22, Via do Infante, rumo a Faro. Já foi uma via de graça, ergueu portagens, está outra vez livre de pagamento. A bem da coesão territorial.

Na capital algarvia demos a volta à rotunda que marca o início da turística N2 (Faro-Chaves). A pedido das pernas, descanso no largo da Câmara Municipal, local onde oito candidaturas querem sentar-se na cadeira do poder: a coligação “Faro Capital de Confiança (PSD/CDS-PP/IL/MPT/PAN)”, Chega, PS, BE, CDU, Livre, Volt e ADN.

O Chega e Pedro Pinto, presidente do grupo parlamentar, inspiram-se em Donald Trump e no “Grande outra vez”, a imaginação do ADN repete o “nada vai escapar”, tecla repisada onde apresenta candidato(a), o Partido Socialista coloca Faro “acima de tudo”, a coligação que junta dois partidos do governo diversifica nas mensagens por cima de uma tónica de “Faro de corpo e alma” e o BE fala de uma “casa comum”.

A luz solar pende. Regresso a Lisboa. O IC-1 (Caminha-Albufeira), durante anos usado como quase exclusiva rota para o Algarve, é a escolha natural. Mas uma curiosidade interpôs-se no caminho e desviou-nos até Odemira (N266 e N120), Concelho de franco crescimento de emigração, onde o Chega saiu vitorioso nas legislativas (29,58%) e, a par de Elvas (43,51%), pode vir a tornar-se um bastião do Chega, um “Venturazão”.

Caminho do antigamente retomado para reviver memórias vivas da saudosa Mimosa, Canal Caveira e de Grândola, terra que a cantiga de André Ventura deseja “Libertar”.

2.º dia: Coimbra, Viseu, Guarda, Bragança, Vila Real, Braga, Viana do Castelo, Porto e Aveiro

Descanso em Lisboa. No dia seguinte, primeiro dia da semana, o sol espreitou e a A-1 (e as portagens) levou-nos até Coimbra. Na cidade estudantil, as manhãs não rimam com encanto. O trânsito parece não fluir e o “Juntos Somos Coimbra” (PSD/CDS PP/Nós,Cidadãos!/IL/PPM/Volt/MPT), encabeçado pelo presidente em exercício, José Manuel Silva, propõem a solução, em letras garrafais: uma nova ponte.

A coligação “Avançar Coimbra” (PS/Livre/PAN) aposta na antiga ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa e, a solo, CDU, BE (o ex-líder parlamentar, José Manuel Beleza quer “Mudar”), Chega (dá um grito ao estilo universitário), Nova Direita e ADN completam o naipe que se apresenta às urnas, sete, no total, idêntico número em Viseu, Vila Real, Viana do Castelo, próximas paragens, e Évora.

O IP-3, troço inaugurado em 1991 pelo então primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva, pensado para ligar a Figueira da Foz a Chaves, ficou, logo à partida, circunscrito ao trajeto Coimbra e Viseu. E ficaria batizado com um nome mal-amado.

A “estrada da morte” levou-nos até à terra de Viriato. Concorrem PSD, PS, Chega, CDU, IL, ADN e CDS-PP. Não faltam cartazes na cidade das rotundas, Viseu.

O dinossauro Fernando Ruas (PSD), ex-presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses, regressou às lides camarárias em 2021. Novamente candidato, anuncia a duplicação da citada estrada. O PS busca “Energia” e o Chega quer “Mudar a sério”.

Numa Via Sacra livre de taxas (A25), aceleramos até à Guarda, cidade mais alta do país. O acesso até à câmara rivaliza com Viseu no número de rotundas, pontos de fluidez de trânsito onde o olhar nem sempre dá prioridade ao marketing político.

Concorrem ao boletim de voto as coligações “Pela Guarda” (Nós, Cidadãos!/PPM), de Sérgio Costa, ex-líder da concelhia do PSD e independente, cujo rosto inunda a cidade, a “Guarda com Ambição” (PSD/CDS-PP/IL), à procura de recuperar o poder. O PS pede coragem para “Mudar” e o Chega quer “Salvar”, termo já gasto noutros lados. Quase despercebido, o Bloco de Esquerda só concorre à Assembleia Municipal. Parco em imaginação, repete o slogan “Política que serve as pessoas”. Só mudam os atores.

O rasgão do Túnel do Marão e o cheiro do Douro vinhateiro

Continuamos pelo IP-2 com destino a Bragança, Trás-os-Montes. Na sub-região Douro Superior inalamos os odores vinhateiros da Quinta do Vale Meão, viajamos no tempo até à arte Rupestre de Foz Côa, deixamo-nos deslumbrar com as paisagens da margem esquerda do Rio Douro, a barragem do Pocinho e a vila com mesmo nome, porta de entrada da região vitivinícola mais antiga do mundo.

Para a IL, estreia em Bragança, a Saúde é tema de campanha. Paulo Xavier (PSD), atual líder da autarquia, de camisa branca, sozinho ou ao lado da equipa, aposta em rostos, o PS aponta ao “Futuro”, o Chega inova com uma rima, enquanto a conservadora CDU permanece amarrada ao passado e recicla mensagens de outros combates.

Da transmontana Bragança, capital de Distrito mais a norte, descemos até Vila Real (A-4), elevada nas Escarpas do Rio Corgo, promontório na junção dos rios Corgo e Cabril.

O socialista Alexandre Favaios, que não chegou a aquecer o lugar de presidente (7 de maio), impera na paisagem propagandística, numa urnas sem alianças e sem independentes e à qual concorrem ainda PSD, Chega, CDU, Livre, BE e CDS-PP.

Do Alto Douro, seguimos para Braga, cidade dos Arcebispos onde se casa a arquitetura barroca e contemporânea. Esventramos o Marão, através da desmedida obra de engenharia, maior túnel mineiro rodoviário da Península Ibérica (6km) e elemento fulcral na mobilidade na região de Trás-os-Montes, inaugurado a 7 de maio de 2016.

Em Braga, a“ Energia” de Rui Rocha, antigo líder da IL, pendura-se em viadutos, postes de eletricidade e rotundas. A mancha liberal ofusca a coligação “Somos Braga (PS/PAN)”, cujo candidato tem o apelido da cidade, “Juntos por Braga (PSD/CDS-PP/PPM)”, Chega, IL, Livre, CDU, BE, MPT, ADN e “Amar e servir Braga”, independente.

Deixamos para trás as duas faixas e a uma só (N101), passamos por Lage (a IL afirma ser merecedora de mais), Vila Verde, Ponte de Lima até chegar a Viana do Castelo.

Um aparte. A ligação Bragança-Viana do Castelo merece ser feita, demoradamente, pela N103 (não passa por Vila Real). Liga o interior transmontano ao litoral minhoto e bordeja o Parque Natural do Montesinho e o Parque Nacional Peneda-Gerês.

Na cidade dos estaleiros e da filigrana em forma de coração, os seis partidos presentes na AR, mais o ADN, não se coíbem de fazer barulho com grandes e pequenos cartazes.

Paulo Morais, ex-PSD, ex-independente nas presidenciais de 2016, Europeias de 2019, apoiado pelo partido Nós, Cidadãos! e Partido da Terra (MPT), quer dar à cidade (e a si mesmo) um “Novo Rumo”. Encabeça a coligação da AD e procura ocupar o lugar do socialista Luís Nobre, candidato que deposita confiança nos vianenses.

O Chega introduz o verbo “Amar” para “Salvar”, o BE quer que Viana saia da Cepa torta e o spin da CDU teima em não encontrar novos termos.

Luta de irmãos em Aveiro na rua

A pressa é inimiga do desfrute da paisagem e o eixo escolhido para conectar Viana ao Porto pendeu para o caminho mais rápido — múltipla escolha de autoestradas —, em detrimento da costeira ligação Valença-Porto pela EN13.

Na Invicta, apresenta-se a votos PS, Chega, BE, Livre, PTP, Volt, ADN, PLS, CDU, as coligações “Porto Primeiro” (Nós, Cidadãos!/PPM), do regressado Nuno Cardoso, e “O Porto Somos Nós” (PSD/CDS-PP/IL) e a candidatura independente “Fazer à Porto”, de Filipe Araújo, vice-presidente de Rui Moreira, que desocupará a cadeira do poder.

No duelo pela ocupação política na cidade, disputa entre o socialista Manuel Pizarro (em vantagem) e o social-democrata, Pedro Duarte, há apelos à segurança, habitação e transportes, última área que Chega e Miguel Côrte-Real prometem resolver.

O final do segundo dia termina em Aveiro. O voto aveirense é cobiçado por nove candidaturas (número idêntico em Lisboa e Setúbal). A coligação Aliança Com Aveiro (PSD/CDS-PP/PPM), PS, BE, IL, CDU, Chega, Livre, PAN e Nós, Cidadãos!, mas são os suspeitos do costume a darem a cara.

Na Veneza portuguesa, os irmãos Souto, unidos na partilha do apelido familiar, foram separados no campo de batalha política. Alberto Souto é candidato pelo PS, Luís Souto Miranda é a figura de cartaz da “Aliança com Aveiro”. Ventura aproveita a questão familiar para tentar o compromisso.

Dia 3: de Setúbal a Leiria, Santarém no meio

A ponte 25 de Abril e o desvio para a N10, após alguns quilómetros de A2, conduz-nos até Setúbal, terra do choco frito, José Mourinho e Barbosa du Bocage. Concorrem PS, BE, IL, CDU, Chega, Livre, PAN, Nós, Cidadãos! e uma candidata independente.

A antiga comunista e ex-ocupante na avenida dos Ciprestes, Maria Dores Meira, ex-dinossauro sadino, está de volta, reinventada, com laivos de desprendimento partidário, embora, como independente, esteja suportada nos votos de PSD e CDS.

O desejo é tanto, que plantou a sede de campanha ao lado do edifício municipal sadino, onde ainda mora o ex-camarada, André Martins.

O residente nos Paços do Concelho, CDU, quer “continuar” a obra e dá a cara em tamanho grande, sinalizando ser uma aposta do partido.

O BE reforça dois cromos (Daniela Rodrigues, câmara e Vítor Rosa, assembleia municipal) para trabalhar pelas “Pessoas” e a Iniciativa Liberal futebolizou o discurso.

Bem visível, das rotundas nos acessos ao centro à marginal do Sado, o Partido Socialista apresenta 10 mandamentos, entre os quais um Passadiço na Arrábida, moda autárquica que se seguiu às rotundas, polidesportivos e ciclovias.

A A13 é a rota escolhida para atravessar o Rio Tejo. Se, nas legislativas, o Luís pediu para continuar a trabalhar, cinco meses depois a mesma união de partidos (menos o PPM), PSD e CDS, lança idêntico pedido em Santarém.

Os escalabitanos são assediados pelas coligações Aliança Democrática (AD), “Santarém Cidadã”, que junta Livre e BE (cartaz com os rostos dos candidatos) e os partidos solistas, PS (quer fazer de Santarém Capital), Chega (introduz a repetida palavra, Mudar), IL e CDU (com a cassete gráfica, CDU nas Autarquias conheces e confias).

Em Leiria, o CDS concorre sozinho e Nuno Melo, ministro da Defesa do governo AD, foi dar uma ajuda à procura de uma maior votação dos centristas num teatro de operações onde entram sete partidos (PSD, PS, Chega, CDU, CDS-PP, IL, ADN) e uma coligação de esquerdas (BE, Livre e PAN), “Avançar Leiria”.

O sociais democratas querem pôr a cidade do Lis no mapa, os liberais optam por mais iniciativa, o Chega mistura limpeza e respeito na mesma frase e os comunistas optaram pelo mais do mesmo do ponto de vista gráfico e da mensagem.

Por fim, no mapeamento da campanha que perdurará na rua, há quem defenda e espere que o amor vença. O ocupante do “gabinete do presidente”, o socialista Gonçalo Lopes, demonstra “paixão” pela cidade. D. Nuno Henrique Barroso, da ADN, eleva a fasquia dos afetos e faz uma declaração de amor num estilo “quero-te”.

Onde está Moedas na cidade ocupada por cartazes?

O retorno a Lisboa, onde termina a Volta ao Portugal autárquico, concretiza-se pela A8 e pelas intermitentes portagens. Uma escolha consciente dos gastos, sem olhar às alternativas das curvas e contracurvas da nacional 8 que nos leva, pelo litoral, do Oeste a Loures, ou por pedaços do IC-2.

Foi um contrarrelógio com partida de Campo de Ourique e que percorreu as principais artérias da cidade, avenida da República, Fontes Pereira de Melo, Marquês de Pombal, Avenida da Liberdade, Rossio, até espreitar o Terreiro do Paço e os Paços do Concelho.

Uma nota saliente do percurso feito. Carlos Moedas, incumbente que encabeça a coligação “Por ti, Lisboa” (PSD/CDS-PP/IL), parece, propositadamente, desaparecido. Se o vizinho Isaltino Morais, em Oeiras, lançou um repto ao eleitorado, na capital a pergunta “onde está Moedas”, poderia ser uma arma no bolso dos adversários.

A campanha de Carlos Moedas, candidato à permanência à frente da câmara, é marcada quase pelo absentismo gráfico. A decisão do executivo a que preside de querer uma cidade limpa desta poluição visual justifica a coerência de posição.

A desafiante, a coligação “Viver Lisboa” (PS/Livre/BE/PAN), de Alexandra Leitão, sorri, sozinha e acompanhada, aos automobilistas, em maior escala do que o seu opositor.

Em grande e, por vezes, em duplicado, a ADN de Adelaide Ferreira pede um papel principal. Nada escapará ao olhar da antiga cantora. Da segurança à habitação.

Indiferente aos apelos de menos cartazes na era digital, CDU, João Ferreira, Chega, Bruno Mascarenhas, e a Nova Direita, Ossanda Líber, líder do partido, não se coibiram de pintar a cidade.

Em algumas vias encheram Lisboa de pêndulos políticos. Encavalitam-se nas árvores e postes no eixo-central, Saldanha-Entrecampos e na luxuosa Avenida da Liberdade, ocupando o espaço prestes a receber luzes natalícias. O candidato comunista para todo o ato, João Ferreira, tem mesmo direito a cara chapada em tamanho grande.

No meio de tanto ruído, uma batalha pela atenção onde entra a publicidade, Volt consegue dar um mínimo ar de sua graça. PPM/PTP o e RIR fecham o boletim de voto autárquico mas passam desaparecidos aos olhos de quem conduz.

Fim da volta. Domingo será dia de eleições. Segunda-feira saberemos quem são os novos inquilinos do lote habitacional do poder. Mais para a frente fica o balanço de quantos cartazes ainda permanecem.

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