As estimativas para o início de 2026, noticia o jornal Expresso, antecipam até 900 mil tentativas de chamadas mensais. Potencialmente, cerca de 300 mil chamadas podem ficar sem atendimento num só mês.
“Estes números somam mais de um milhão de chamadas não atendidas durante todo o inverno e são uma estimativa conservadora, visto que assumimos que a triagem telefónica obrigatória não será implantada nas 12 unidades locais de saúde que ainda não aderiram ao programa, uma população de aproximadamente 2,5 milhões de utentes”, sublinham os autores do estudo.A ameaça de rutura do SNS24 (808 24 24 24) assenta no aumento de funcionalidades atribuídas pela tutela, sem que tal seja compensado com um reforço de meios humanos e tecnológicos.
“Embora a política estivesse preocupada com o aumento do acesso a cuidados de Urgência, a linha foi implementada rapidamente sem o correspondente investimento na infraestrutura”, estimam os autores.
A Linha SNS24 “opera acima da sua capacidade há mais de dois anos”, acrescentam os responsáveis pelo estudo, entre os quais Eduardo Costa, economista da Saúde, e Ara Darzi, médico responsável pela reforma do NHS, sistema britânico de saúde pública.
“O tempo de atendimento para qualquer chamada recebida não deverá ser superior a 15 segundos”, fazem notar os autores do trabalho citado no Expresso. Contudo, “uma quantidade considerável de chamadas não atingiu esse indicador-chave desde o início da operação real”.
Os números
Em setembro de 2024, na antecâmara da entrada plena em funcionamento do projeto Ligue Antes, Salve Vidas, que visa aliviar as urgências hospitalares, os tempos de espera “aproximaram-se da meta” – a média foi de 23,16 segundos.
Dados mais recentes parecem atestar as preocupações. Ou seja, a linha processou mais de 1,6 milhões de chamadas, o que corresponde a um crescimento de cerca de 56 por cento. É um acréscimo de 600 mil chamadas.Mais de metade das chamadas – 58 por cento – foram atendidas em menos de dois minutos, seis por cento até cinco minutos e 15 por cento até 15 minutos.
A Altice confirma que o acentuar do volume de chamadas ultrapassa em muito as previsões contratuais. A par da operadora, os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde afiançam estar a procurar soluções.
“O operador tem feito um investimento sustentado, em articulação com os SPMS, na organização e capacitação das equipas, na modernização tecnológica e na otimização dos circuitos de atendimento, que tem vindo a reforçar a eficiência global”, afirma fonte dos SPMS ouvida pelo Expresso
De acordo com o jornal, 3.200 profissionais trabalham atualmente na Linha SNS 24, que, de janeiro a setembro, respondeu a 4,3 milhões de chamadas.
Recorde-se que, em setembro, o secretário de Estado da Gestão da Saúde, Francisco Rocha Gonçalves, assegurava que a Linha SNS 24 se encontrava preparada para o inverno, acrescentando que o operador trataria de “adaptar a tecnologia” com recurso a inteligência artificial.
c/ Lusa