Foi a primeira vez que o líder israelita reconheceu que, apesar de todos os esforços, poderá não ser possível recuperar todos os restos mortais dos reféns que morreram em Gaza. A tradição judaica exige que um corpo seja enterrado inteiro para honrar a imagem de Deus. Os corpos dos reféns poderão estar contudo soterrados nos escombros das cidades de Gaza e a decomposição poderá dificultar as operações.
A admissão vem tarde, mas fazê-la antes poderia prejudicar o esforço de guerra.
O governo israelita está ciente há meses de que o Hamas pode não saber a localização ou não conseguir recuperar os restos mortais de alguns dos reféns falecidos.
Igualmente, na quinta-feira, ao anunciar a libertação dos reféns “na segunda ou na terça-feira”, o presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou que poderá ser difícil recuperar no imediato todos os restos mortais dos que sucumbiram em cativeiro, “porque alguns corpos serão um pouco difíceis de encontrar“.
Quando a guerra eclodiu há dois anos, após o ataque do Hamas a Israel que resultou no sequestro de 251 pessoas, incluindo muheres, Netanyahu justificou o avanço militar sobre a Faixa de Gaza com um duplo objetivo, destruir o Hamas e libertar os reféns, trazendo-os de volta para Israel.
Esta sexta-feira, com o início da aplicação de um novo acordo de cessar-fogo proposto por Trump e aceite pelas partes, sob mediação, Benjamin Netanyahu afirmou que cumpriu a promessa então feita às famílias.
O primeiro-ministro de Israel prometeu que “não iremos desistir de ninguém”. “E realmente, todos os reféns regressarão para junto de nós. Nos próximos dias, se Deus quiser, traremos todos”, disse.
A angústia das famílias
Atualmente, continuarão vivas 20 das 251 pessoas sequestradas a 7 de outubro de 2023.
Aos microfones da CNN, o pai de um dos reféns, americano, reconheceu que a incerteza e a antecipação para saber se o seu filho, Itay, está vivo ou morto, é terrível e continua a pesar sobre toda a família.
Um pesadelo é vivido por todos os que esperam por notícias.
Em comunicado, a família do estudante nepalês Bipib Joshi, raptado a 7 de outubro de 2023, disse ser “intolerável o estado de incerteza sobre o seu destino”.
As autoridades admitiram ignorar o estado de Joshi e de um outro refém. Netanyahu referiu que continuam “20 reféns vivos e 28 estão mortos”.
“Estes são dias tensos e complexos para todos nós; dias de tremenda alegria, ansiedade, antecipação e tristeza”, acrescentou a família do jovem nepalês.
“Sentimo-nos rodeados de amor e apoio, mas pedimos gentilmente que a privacidade da família e o nosso desejo de aguardar notícias em silêncio sejam respeitados”, disseram ao concluir o comunicado. “Agradecemos a vossa abertura de coração. Por favor, rezem connosco por boas notícias”.