María Corina Machado, política venezuelana opositora de Nicolás Maduro, venceu, esta sexta-feira, o Prémio Nobel da Paz. No entanto, a corrida nas casas de apostas foi liderada por Yulia Navalnaya. Pelo menos, até algumas horas antes do anúncio, quando as apostas em Corina dispararam. Os noruegueses abriram uma investigação, avança o The Guardian.
O fenómeno foi registado no site de apostas Polymarket, pouco depois da meia-noite de quinta-feira na hora da Noruega (uma hora a menos em Portugal continental). Corina ficou a saber da vitória, que marcou a primeira vez que o prémio foi atribuído a um venezuelano, pelas 10h50 locais de quinta-feira. Até ao final do dia de quarta-feira, Yulia Navalnaya liderava a tabela de nomeados.
No entanto, parece pouco provável que se tenha tratado de um caso simples de apostadores de última hora, pela diferença abismal das probabilidades de Corina. A opositora de Maduro registava, naquele site, uma probabilidade de vencer de 3,75% e fica em baixo de outros nomes como, por exemplo, Donald Trump, exemplifica o diário britânico. Menos de duas horas depois, as probabilidades de Corina passaram para 72,8%. Para além disso, os investigadores detectaram um utilizador que, antes dessa subida abrupta, criou uma conta, fez apenas aquela aposta e ganhou quase 56 mil euros, registou o Finansavisen, um jornal económico norueguês.
À Bloomberg, o director do Instituto Nobel Kristian Berg Harpviken aponta para um ataque criminoso, apesar de salvaguardar que “é muito cedo para ter a certeza” de que a informação foi previamente divulgada e que esperará pelo resultado das investigações.
María Corina Machado, engenheira industrial e antiga deputada, luta, há mais de 20 anos, pelo regresso da Venezuela à democracia. Na clandestinidade, opõe-se ao Governo de Nicolás Maduro, arriscando as represálias do regime, algo que já tinha feito contra Hugo Chávez.
O galardão foi atribuído pela “sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia” e sucede, assim, à organização nipónica Nihon Hidankyo, composta por sobreviventes dos ataques nucleares contra Hiroxima e Nagasáqui.