Quase um mês após ter sido despedido do Benfica, Bruno Lage participou na Portugal Football Summit, da Federação Portuguesa de Futebol, onde apresentou uma reflexão aprofundada das equipas B em Portugal e do mercado de transferências.

Lage congratulou-se por falar de uma que «não abordava no dia-a-dia» nas conferências de imprensa e que o inquietou no Benfica – a competitividade dos jogadores de equipa B, sendo também ele um treinador experienciado na formação.

«Quem está na equipa principal olha sempre para a equipa B, mas jogando de três em três dias. São poucos os jovens que, após um ou dois anos na equipa B, conseguem no imediato jogar na equipa A. Jogar e render com a exigência pretendida. Há um conjunto de jogadores que não atingem o patamar de equipa A», diagnosticou. 

«Há 20 anos, seriam emprestados. Cruzei-me aqui, no outro dia, com o Ricardo Carvalho, que talvez seja o melhor exemplo daquilo que vou dizer. Nos anos 90 eram permitidos vários empréstimos. No início da carreira dele jogou no Alverca, Leça, Vitória Setúbal, antes de jogar no FC Porto. Em meados dos anos 2000 surgiram as equipas B e competiam na II B. Atualmente, desde 2012, competem na II Liga e a questão que fica no ar são aqueles atletas que não atingem o patamar», disse o técnico. 

Bruno Lage recordou que, em função do regulamento, o número de empréstimos é limitado a seis. Além disso, os outros clubes da Liga preferem não ter jogadores emprestados, sustenta. Para solucionar a questão, Lage propõe: 

«Fazer aquilo que chamo as novas equipas B. Os clubes podem comprar outro clube. O ideal seria a compra de um clube em Portugal, mas os regulamentos não o permitem. Porém, talvez na Europa Central acredito que isto que aconteça», sugere.

«Já há clubes brasileiros que estão a fazer isto em Portugal, porque para eles é o melhor investimento. O nosso regulamento não protege os jogadores locais, valorizam-se em Portugal, os atletas regressam ao Brasil e depois vendem-nos para outros lados», analisa o técnico setubalense.

Uma proposta arrojada do treinador, lançada numa conferência que tem discutido o presente e o futuro do futebol nacional.