“A solidão orante gera comunhão e compaixão por toda a humanidade e por todas as criaturas, tanto na dimensão do Espírito, quanto no contexto eclesial e social”. Palavras do Papa Leão XIV no encontro nesta manhã de sábado (11) com um grupo de eremitas italianos que participam do Jubileu da Vida Consagrada.
Vatican News
Na manhã deste sábado (11) o Papa Leão recebeu um grupo de eremitas italianos que participa do Jubileu da Vida Consagrada. Agradecendo a presença e a oportunidade de refletir sobre a vocação à vida eremítica na Igreja e no mundo atual, o Papa recorda “o Pai procura e chama, em todos os tempos, homens e mulheres para adorá-lo na luz do seu Espírito e na verdade revelada pelo seu Filho unigênito”. “Primeiramente”, explica, “o Senhor chama para entrar neste lugar escondido do coração, escavando-o pacientemente: convida a realizar uma imersão interior que requer um caminho de esvaziamento e despojamento de si mesmo”. Continuando afirma que o Senhor “pede-nos para fechar a porta aos maus pensamentos, a fim de guardar um coração puro, humilde e manso” para então, “abandonar-nos com confiança ao diálogo íntimo com o Pai, que habita e vê no segredo, e no segredo nos enche dos seus dons”.
Testemunhas da beleza da vida contemplativa
O Santo Padre pondera que a vocação à adoração e à oração interior, deve ser vivida pelos eremitas de maneira exemplar, “para serem na Igreja testemunhas da beleza da vida contemplativa”. “Não é fuga do mundo”, continua, “mas regeneração do coração, para que seja capaz de ouvir, fonte de ação criativa e fecunda da caridade que Deus nos inspira”, concluindo que “da amizade íntima com o Senhor renascem, de fato, a alegria de viver, a admiração da fé e o sabor da comunhão eclesial”.
Aumenta o “fôlego espiritual” da comunidade cristã
“A vossa distância do mundo não vos separa dos outros, mas une-vos numa solidariedade mais profunda (…) porque a solidão orante gera comunhão e compaixão por toda a humanidade e por todas as criaturas, tanto na dimensão do Espírito, quanto no contexto eclesial e social em que vocês estão inseridos como fermento da vida divina”.
Portanto: “A vossa presença simples e o vosso testemunho orante, através da comunhão com o bispo e da relação fraterna com os párocos, tornam-se preciosos e fecundos, pois aumentam o “respiro espiritual” da comunidade cristã”. Explicando que isso é verdade sobretudo no interior e contextos rurais em que os presbíteros e religiosos se tornam cada vez mais raros e as paróquias empobrecem em oportunidades. “Mesmo em contextos urbanos, anônimos e complexos, marcados pela má solidão, as presenças eremíticas são oásis de comunhão com Deus e com os irmãos”.
Interpretar os novos desafios espirituais com a criatividade do Espírito Santo
Leão explica aos presentes que enquanto permanecerem fiéis à herança recebida dos Padres da Igreja na guarda da Palavra, através da lectio divina e do serviço do louvor e da intercessão com a oração dos salmos, serão ao mesmo tempo “chamados a interpretar os novos desafios espirituais com a criatividade do Espírito Santo”. E que é o Paráclito, de fato, que os abre ao diálogo com todos os que buscam sentido e verdade, educando-os a compartilhar e orientar sua busca espiritual, muitas vezes confusa. “Todos vocês podem estimular o próximo a voltar para dentro de si mesmo, a reencontrar o centro de gravidade do coração, como nos ensinou o Papa Francisco na Encíclica Dilexit nos”. E lá, no fundo da alma, cada um poderá descobrir o fogo do desejo de Deus que arde e nunca se apaga.
Por fim Leão recorda aos eremitas presentes: “Mantendo o olhar fixo em Jesus e abrindo as velas do coração ao seu Espírito de vida, naveguem com toda a Igreja, nossa mãe, no mar tempestuoso da história, rumo ao Reino de amor e paz que o Pai prepara para todos”.