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https://www.archdaily.com.br/br/1034586/casa-franco-taller-espacio-colectivo
© Santiago Roballo
Descrição enviada pela equipe de projeto. Estamos em um momento de inflexão, um ponto de ruptura. Falamos do não retorno, de mudanças obrigatórias e de uma crise climática irreversível. A nível global, não existe maior propósito humano do que a luta contra a mudança climática.
Neste contexto, torna-se cada vez mais necessário repensar a arquitetura como um exercício consciente, capaz de impulsionar uma mudança de mentalidade, de hábitos e de padrões de ação que nos permitam curar os territórios e parar a proliferação de práticas nocivas, isoladas e indiferentes.
A Casa Franco surge da busca por habitar através de experiências que se configuram em sequências espaciais. Seu design fragmenta o programa a partir de pátios e varandas, reinterpretando a tradição das fazendas coloniais do Vale do Cauca a partir de uma linguagem contemporânea. A disposição de grandes muros lineares organiza os espaços interiores e exteriores, tornando-se elementos essenciais que definem a habitação.
Reconhecemos no arquétipo colonial sua capacidade de estabelecer uma simbiose coerente com o entorno. Mesmo após séculos, esta arquitetura mantém sua relevância pelas qualidades sustentáveis de seus espaços habitáveis, qualidades que hoje são replicáveis na arquitetura contemporânea.
Planta Geral – Primeiro Pavimento
O projeto retoma princípios fundamentais: volumes isolados entre árvores que fornecem sombra; a relação com a paisagem distante, próxima e íntima a partir dos jardins; a lição do intermediário, “o fora dentro”, como atitude espacial própria do trópico. A transição entre varandas, pátios e recintos exteriores, o manejo da massa térmica como abrigo, e a terra como recurso construtivo através da técnica, se combinam com uma linguagem atual que estabelece uma relação simbiótica com a vegetação e o território.
Os muros – Manter no local os excedentes de terra provenientes das escavações foi o primeiro gesto consciente de sustentabilidade. Restos da fundação, do lago, dos canais, dos tanques e da piscina foram reaproveitados na vedação perimetral. Assim surgiu o muro de “terra preta”, em taipa de pilão sobre base de pedra de rio, erguido com tapiais tradicionais de 1,00 x 2,00 m. Com 2,40 m de altura e 0,50 m de espessura, essa vedação se estende por mais de 400 metros lineares, reduzindo custos e fortalecendo a mão de obra local.
As paredes de “terra clara” para a compartimentação interna cumprem funções de vedação e acabamento. Foram elaboradas com material de uma pedreira local, a 15 km, cuja composição e cor foram ajustadas na obra mediante processos de estabilização.
A cobertura e marcenaria – As telhas, recuperadas de casas demolidas ou reformadas, foram instaladas sobre um tablado impermeabilizado e uma camada de barro em uma cobertura a 45°. Essa inclinação gerou conforto térmico e permitiu a criação de sótãos. O triângulo de tração que sustenta o espaço foi resolvido com vigas rústicas de madeira, material também usado em tábuas e fôrmas, que após limpeza se tornaram o acabamento interno. Para marcenarias foram reutilizadas portas de antigas construções, adaptando-as à nova habitação.
Em 2023, a Casa Franco foi reconhecida na Bienal Colombiana de Arquitetura e Urbanismo com o Prêmio Nacional de Arquitetura na categoria de habitação unifamiliar.

© Santiago Roballo
© Santiago Roballo
© Santiago Roballo
© Santiago Roballo
© Santiago Roballo
© Santiago Roballo
© Santiago Roballo