Lisboa está a perder moradores, enquanto a Margem Sul do Tejo continua a ganhar novos residentes. É essa a principal conclusão do artigo “Até que a ponte os separe: o fenómeno de migração de Lisboa para a margem sul”, publicado pela A Mensagem.

Segundo a reportagem, em 40 anos mais de 250 mil pessoas abandonaram a capital. Só Almada recebeu, num único ano, 3 592 novos moradores oriundos de Lisboa, número que a torna no concelho mais populoso da Península de Setúbal.

“A crise da habitação em Lisboa, os preços exorbitantes por metro quadrado e a falta de oferta adequada empurram milhares de famílias para a Margem Sul”, sublinha o artigo da Mensagem.

A história de Rui Braz

O fenómeno ganha rosto com a história de Rui Braz, um contabilista que, juntamente com a esposa, trocou Lisboa por Almada. Citado no artigo, Rui explica que a mudança se deveu sobretudo à possibilidade de encontrar uma habitação em melhores condições e com um preço mais acessível.

A reportagem destaca ainda que este é o retrato de milhares de famílias que atravessam diariamente a Ponte 25 de Abril ou dependem dos transportes públicos para manter a ligação com Lisboa. O artigo lembra que mais de 300 mil pessoas fazem essa travessia todos os dias.

Consequências no mercado e na vida urbana

Mas o crescimento tem efeitos imediatos: “A procura em Almada começa a pressionar os preços locais e a reduzir a oferta disponível”, alerta um agente imobiliário ouvido no artigo da Mensagem.

Os autores da reportagem sublinham também a necessidade de reforçar equipamentos sociais, de saúde e de mobilidade para evitar que o processo se torne insustentável.

Futuro em construção

Entre as soluções em estudo, estão a expansão do metro de superfície até à Costa da Caparica e Trafaria e a possível construção de um túnel submerso ligando a Trafaria a Algés. Também está projetada uma mega intervenção urbanística nos terrenos da antiga Lisnave, que prevê habitação, comércio, serviços e até uma Ópera.

O artigo “Até que a ponte os separe” conclui com uma imagem simbólica: a Margem Sul pode deixar de ser apenas a periferia de Lisboa para se tornar um reflexo — talvez ainda mais intenso — das transformações e dificuldades da capital.