Medicamentos como Ozempic (semaglutida) e Monjauro (tirzepatida) vêm ganhando popularidade no Brasil e no mundo por ajudarem na perda de peso e no controle da glicose. Mas, segundo especialistas em endocrinologia e nutrição, apostar apenas no remédio e ignorar a alimentação é um erro comum e que pode comprometer tanto os resultados quanto a saúde.

Esses medicamentos atuam imitando hormônios do corpo que controlam o apetite e o esvaziamento do estômago, promovendo maior saciedade e menor ingestão de calorias. No entanto, como explicam médicos entrevistados pela Healthline e pela American Association of Clinical Endocrinology (AACE), eles não substituem a necessidade de uma dieta equilibrada. 

A avaliação dos profissionais é que o uso isolado dos medicamentos pode até levar à perda de peso, mas, sem ajustes alimentares, há risco de perda de massa magra, deficiência nutricional e reganho de peso quando o tratamento é interrompido. Ou seja, os pacientes precisam redobrar o cuidado com a qualidade da alimentação, já que o apetite diminui significativamente.

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A Obesity Society, em publicação científica recente, também reforça que pacientes em uso desses medicamentos devem consumir entre 60 e 75 gramas de proteína por dia, além de priorizar alimentos ricos em nutrientes, como frutas, legumes, grãos integrais e gorduras boas encontradas em azeite, abacate, castanhas e peixes. Dietas muito restritivas, com menos de 1.000 calorias diárias, são desaconselhadas, pois podem agravar a perda de massa magra e causar fadiga, tontura e deficiência de vitaminas.

Outro ponto essencial é a hidratação. Como esses medicamentos retardam o trânsito intestinal, a ingestão adequada de água, em torno de dois a três litros por dia, ajuda a evitar prisão de ventre e outros desconfortos. Alimentos muito gordurosos, frituras e bebidas alcoólicas devem ser consumidos com moderação, pois podem piorar sintomas gastrointestinais, como náuseas e refluxo, especialmente no início do tratamento.

Além da alimentação, a prática de atividade física regular é considerada indispensável para manter a perda de peso e proteger os músculos. Segundo a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), a medicação pode ajudar a reduzir a fome, mas é o conjunto de hábitos que garante o sucesso e a manutenção dos resultados.

Vale reforçar ainda que o uso de medicamentos deve sempre ser feito sob prescrição médica e com acompanhamento nutricional, evitando a automedicação e o uso indevido para fins puramente estéticos.