“’Cicatrizes’ não é só a memória de vida de um homem, é o desfile de muitos seres, todos aqueles que entram na barca do afeto do Dino, e que ele transforma em pares do seu próprio destino” – é assim que a escritora Lídia Jorge descreve, no prefácio, a autobiografia de Dino d’Santiago, escrita em forma de diário.

O cantor, originário de Quarteira, levou as suas “Cicatrizes” a Óbidos, ao festival Fólio 2025, este sábado 11 de outubro. A apresentação decorreu na Livraria do Mercado, frente a plateia com lotação esgotada, e contou com a presença da jornalista Margarida Davim e de Élisabeth Moreno, política franco-caboverdiana, ex-ministra da Igualdade de Género de França. 

Lançado no início de outubro, o livro é composto por 50 textos introspectivos, através dos quais Dino recorda momentos difíceis do seu crescimento, na busca de sarar as feridas do seu passado. Decidido a partilhar a sua experiência e as suas reflexões sobre a vida, Dino D’Santiago também explora os seus conflitos interiores e vulnerabilidades, nunca deixando de lado os outros papéis da sua vida – além de artista e, agora, escritor, é também pai, filho, irmão e marido.

“Estes textos funcionaram como forma de melhor comunicar com a minha psicoterapeuta. Houve uma sessão que não conseguimos fazer e eu tinha muito para dizer, então decidi escrever e enviar-lhe por mensagem. E ela respondeu: ‘Onde é que está esta pessoa? Quando estamos nas consultas, é desta pessoa que preciso.’ A partir dali, comecei a escrever textos de reflexão, que também me ajudaram a fazer uma catarse e a encerrar capítulos. Como pai, não queria transportar estas feridas do meu crescimento para a vida dos meus filhos”, explica Dino d’Santiago, em conversa com a NiO.

Tem 296 páginas.

“Cicatrizes” aborda temas tão prementes nos dias que correm como a as injustiças sociais, a condição feminina, a liberdade, a maternidade ou até a paternidade. Como o próprio título indica, “a pele está sempre no centro, pois é o embate com a dureza do mundo que cria as feridas, que depois cicatrizam e deixam a pele mais dura”, afirmou Margarida Davim, durante a apresentação.

“Para quem nasce em lugares de injustiça, nem sequer existe um elevador social… O caminho é feito a pé e muitas vezes descalço”, afirma, Contudo, o autor ressalva de que o livro é, acima de tudo, uma reflexão sobre a sua experiência de vida, influenciada pelo ambiente em que cresceu.

“É uma autoexposição tão pessoal, que a ideia nem era ser publicada… Podia ter sido logo queimada, após a escrita. Contudo, embora seja pessoal, entende-se num todo. É sobre um indivíduo que apresenta a sua personalidade sabendo que esta foi moldada por uma tribo e por aqueles que o rodearam“, explica. 

“Sei que sou uma partícula de cada uma das pessoas com as quais me cruzei, e o livro é a travessia até eu encontrar o som da minha voz”, remata.

A autobiografia “Cicatrizes” já está à venda nas livrarias; neste momento, custa 16,61€, graças a um desconto de 10 por cento face ao preço de capa (18,45 €). 

Carregue na galeria para ver algumas imagens da apresentação do livro de Dino d’Santiago no Fólio 2025.