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Estudo questiona eficácia e segurança do medicamento no tratamento de dores, especialmente dor crónica. Risco de efeitos adversos graves praticamente duplica em comparação com o placebo e registou-se um aumento de cancros.

Uma nova revisão científica, publicada na The BMJ Evidence Based Medicine, levanta sérias dúvidas sobre a eficácia do tramadol, um analgésico opioide amplamente prescrito no alívio da dor crónica.

O estudo, conduzido por uma equipa do Hospital Rigs, na Dinamarca, conclui que os seus potenciais riscos poderão superar os benefícios terapêuticos.

Segundo a agência Efe, a investigação baseou-se numa análise e metanálise de 19 ensaios clínicos realizados até 2025, envolvendo 6.506 participantes com diferentes tipos de dor crónica, incluindo osteoartrite, dor lombar, neuropatia e fibromialgia. A idade média dos pacientes era de 58 anos, e os tratamentos duraram entre duas e 16 semanas, com acompanhamento de até 15 semanas.

Os resultados mostram que, embora o tramadol proporcione algum alívio, o efeito observado é reduzido e insuficiente para ser considerado clinicamente relevante. Em contrapartida, o risco de efeitos adversos graves praticamente duplica em comparação com o placebo. Entre os problemas registados, destacam-se eventos cardíacos como dor torácica, doença coronária e insuficiência cardíaca congestiva.

Além disso, o estudo identificou uma possível ligação entre o uso de tramadol e o aumento do risco de certos tipos de cancro, embora os autores ressalvem que o período de observação foi demasiado curto para tirar conclusões definitivas. Também foram registados efeitos secundários ligeiros — náuseas, tonturas, obstipação e sonolência — com frequência significativamente superior à observada no grupo de controlo.

A equipa dinamarquesa defende, por isso, que o uso do fármaco deve ser reduzido ao mínimo indispensável.


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